Na Herdade de Espirra iniciou-se o processo de estacaria das novas plantas de Eucalipto globulus que serão vendidas a partir do outono.
“Nunca estou parada, nem a fazer a mesma coisa muito tempo”, confessa Maria Jesuína, coordenadora florestal nos Viveiros Aliança da The Navigator Company, em Pegões. O trabalho de viveirista muda com as estações, as condições climatéricas, as encomendas. É uma constante adaptação e a verdade é que não há nada que Maria Jesuína não saiba fazer no processo produtivo de plantas florestais.
Após o período de Inverno, em que é preciso podar, limpar, adubar e espalhar herbicida na produção clonal de eucalipto da Herdade de Espirra, é nesta altura do ano – entre maio e setembro – que os viveiristas andam atarefados a apanhar os rebentos no Parque de Pés-Mãe para um novo ciclo de plantas.
A ganhar raiz e força no Verão
Antes que termine o verão, é preciso levar os rebentos para a biofábrica e fazer a estacaria de novas plantas. Mas também é preciso manter as várias Casas de Sombra, que se espalham por 48 mil metros quadrados, sempre fechadas e com elevado grau de humidade. Lá dentro, cerca de 2,5 milhões de estacas precisam de ganhar raiz e força durante os meses menos frios.
Depois, mais tarde, será preciso deslocar as plantas de novo para o exterior, para provarem que conseguem sobreviver aos elementos. E, no inverno, as mais pequenas, que não foram selecionadas para venda, têm de voltar a ser recolhidas, por causa da geada. Nenhum cuidado é pouco para manter o ciclo da natureza e obter plantas mais resistentes.
A azáfama das encomendas de plantas, sobretudo Eucalipto globulus, a espécie florestal que assegura maior retorno financeiro aos produtores, surge com as primeiras chuvas. É preciso fazer a triagem das pequenas novas plantas que se encontram nos tabuleirões, mudá-las para paletes de transporte e carregá-las nos camiões. Num único dia muito ocupado, Maria Jesuína pode coordenar o carregamento de 150 mil a 170 mil plantas.
O eucalipto clonal é uma planta melhorada e adaptada a diferentes condições de solo e clima, que garante a produtividade e a resiliência dos povoamentos florestais.
“Espirra faz parte da minha vida”, exclama a viveirista, que começou a trabalhar na Herdade de Espirra com 15 anos e nos viveiros já leva 27 anos a cuidar das plantas que estão a renovar a floresta nacional.
Numa área de 3,7 hectares estão cerca de 171 mil pés de eucalipto, divididos por cores que correspondem a cada clone, uma planta melhorada e adaptada a diferentes condições de solo e clima. E uma garantia de produtividade e resiliência para os povoamentos florestais.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.