O Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil – SinFAP, visitou no passado dia 17 de julho a ilha das Berlengas, nomeadamente as instalações dos Vigilantes da Natureza que lá se encontram durante todo o ano na ilha.
A missão dos Vigilantes da Natureza é essencial para proteger a biodiversidade, a fiscalização da pesca e o respeito pelas normas que a ilha possui, muitas das vezes ignoradas por quem nela gosta de passear.
Um dos problemas com que nos deparamos é com um reduzido efectivo de Vigilantes da Natureza, que cada vez são menos, devido ao abandono sistemático da profissão que espera há mais de 20 anos pela revisão da sua carreira profissional, ajustada aos tempos modernos e à realidade do trabalho efetuado por estes homens e mulheres tanto nas Berlengas como em todo o território nacional.
Estes profissionais que habitam na ilha durante todo o ano, fazem-no numa residência junto ao farol, num dos edifícios cedidos pela marinha cuja habitabilidade é posta em causa pela ausência de eletricidade em permanência, uma vez que há mais de um ano os painéis solares estão avariados e não produzem energia elétrica. Só com recurso a um gerador é possível ter eletricidade, mas apenas em certos períodos, logo de manhã, ao almoço e à noite, o que possibilita a que vários eletrodomésticos avariem e a comida se estrague.
No inverno o problema repete-se com o aquecimento, ligar uma hora o aquecedor e ir alternando de quarto em quarto, para que se possa aquecer a já gélida permanência na ilha, depois de aquecer os quartos é hora de sair e percorrer alguns metros para desligar o gerador. E caso se esqueçam de tirar água para uns vasilhames não há água para usarem na casa de banho o que significa que tem que vir fazer as suas necessidades na rua.
Assim como a moto4 que servia para transportar os seus mantimentos desde o bairro dos pescadores onde se situa a marina e as suas instalações, com mais de um quilometro com subidas a pique, está avariada há mais de um ano estando a aguardar que o ICNF tenha a capacidade de fretar um helicóptero à marinha ou um barco de carga para que possa levar até à ilha uma nova mota que está fechada numa garagem em Peniche.
O SinFAP condena as condições em que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas – ICNF, sujeita estes trabalhadores, não é por falta de financiamento já que o ano passado o ICNF arrecadou mais de 85 mil euros em taxas de acesso à ilha, dinheiro que deveria ser usado para dar dignidade a quem vive e trabalha na ilha.
Apelamos ainda ao Ministério do Ambiente e Ação Climática, que tome as medidas urgentes para repor a dignidade e as condições básicas de habitabilidade aos Vigilantes da Natureza que zelam pela Reserva Natural das Berlengas.
O SinFAP reitera que tomará todas as diligências necessárias tanto nacionais como europeias para repor a dignidade dos Vigilantes da Natureza em serviço na ilha das Berlengas e do Corpo Nacional de Vigilantes da Natureza.
Fonte: SinFAP