O uso do fogo pelas comunidades no distrito da Guarda continua a ser uma preocupação para a GNR, que em 2023 deteve três pessoas por queimadas que se descontrolaram, num total de 34 cidadãos identificados por incêndios florestais.
“A nossa preocupação continua a ser o uso do fogo nos nossos territórios do interior. Continua esta necessidade e a maioria dos incêndios que temos registado acabam por dizer respeito a queimas, queimadas, situações negligentes, que acabam por se descontrolar”, salientou esta manhã o capitão Óscar Capelo, chefe da secção de Proteção e Ambiente do Comando Territorial da GNR da Guarda, durante apresentação da Campanha Floresta Segura 2024 aos parceiros do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.
O responsável destacou que “a grande fatia das ocorrências tem origem nas queimas e queimadas” – de acordo com os dados apurados, nos últimos três anos 81% dos incêndios no distrito da Guarda foram “causados pela ação humana”.
De acordo com o capitão Óscar Capelo há concelhos como Sabugal e Guarda que merecem “maior atenção dado o seu histórico. São os concelhos onde registamos maior número de ocorrências. Na maioria delas são negligentes e intencionais. Daí merecerem toda a nossa atenção”, apontou o responsável.
Em 2023, a GNR deteve no distrito da Guarda três pessoas por queimas e queimadas que se descontrolaram, num total de 34 cidadãos identificados por ocorrências de fogos florestais.
Com a apresentação hoje da Campanha Floresta Segura 2024, a GNR da Guarda deu início à preparação da época de incêndios rurais deste ano.
“O nosso objetivo é preparar as épocas de incêndio sempre fora delas. Todos os anos a GNR implementa a operação Floresta Segura e no início do ano reúne as várias entidades do Sistema de Gestão Integrado de Fogos Rurais, locais e regionais para transmitir aquilo que é o nosso papel”, sublinhou Óscar Capelo.
O responsável destacou que “a preparação da época é fundamental para se estar apto a enfrentar uma época de incêndios menos boa”.
Óscar Capelo salientou que 2023 foi “um ano muito favorável relativamente a outros anos”, mas alertou que um ano, como o de 2022, pode “deitar tudo a perder”.
“Vínhamos com um decréscimo do número de incêndios e de área ardida, mas 2022 foi um ano atípico [com o grande incêndio da serra da Estrela]”, notou.
Como explicou o capitão da GNR aos parceiros, a missão da GNR começa com a sensibilização das populações para “despertar consciências e evitar situações de risco”.
A GNR já iniciou as ações de sensibilização das populações, replicadas no ano passado em 378 iniciativas.
Este mês, a GNR inicia também a monitorização e fiscalização da gestão de combustível para detetar situações de incumprimento. O foco serão as freguesias identificadas como prioritárias que no ano passado eram 130 no distrito da Guarda. O diploma que identifica as localidades ainda não foi publicado, mas Óscar Capelo admite que este ano “o número possa aumentar ligeiramente”.
O responsável assinalou, à agência Lusa, que se tem registado um “decréscimo do número de sinalizações, o que leva a crer que os proprietários sabem quais são as suas obrigações, mas, mais que isso, que o sistema está a adaptar-se”.
O oficial da GNR apontou ainda que em 2019 havia cerca de mil situações de incumprimento sinalizadas e em 2023 houve menos de 300”. No ano passado, os dados da GNR indicam que foram sinalizadas 283 situações, tendo sido resolvidos 98% dos casos.
Para além da sensibilização e da fiscalização, a atuação da GNR ao nível dos incêndios rurais desenvolve-se ainda na rapidez da deteção de ocorrências, na redução de área ardida e na identificação das causas dos fogos.