Os frades franciscanos introduziram as hortas comunitárias, no Convento dos Capuchos, há 400 anos. A tradição é agora recuperada com a entrega de pequenas hortas a moradores do concelho de Sintra. As primeiras quatro hortas foram entregues esta semana.
Teresa Simões e o marido Luís são os primeiros a chegar, quase ao nascer do dia. Vêm carregados com ferramentas: um gavião, um engaço, uma sachola de ponta, outra normal, um ancinho, ainda um lubrificante para o cadeado do baú onde o material vai ficar guardado. Teresa está habituada a trabalhar a terra. “O bicho da horta nasceu comigo”, confessa bem humorada. Queria plantar “um cozido à portuguesa. Isso incluía os enchidos, a vaca, o porco, mas os animais não são permitidos”. Por isso, planeia semear alfaces, tomates, curgetes, couves, “tudo o que seja aceitável e que não seja considerado infestante”. É uma das regras para quem quer candidatar-se a ter uma horta no Convento dos Capuchos, em plena serra de Sintra.
A arquitecta paisagista dos Parques de Sintra, Elsa Isidro, explica que os métodos de produção devem ser biológicos e não são permitidas espécies invasoras ou que possam desenvolver um comportamento invasor, como é o caso do espinafre ou da hortelã, porque “não queremos ser responsáveis por incluir culturas que não são desejadas nos nossos vizinhos, nos limítrofes do Convento dos Capuchos”. Antes do regresso das hortas, foi feito um estudo arqueobotânico, com a análise de “pólens que surgem por camadas”, que permitiram fazer um “histórico de hortícolas”. Elsa Isidro enumera culturas que eram feitas há 400 anos pelos frades franciscanos: cereais como cevada, trigo e milho, que serviam para produzir pão, não só para consumo próprio, mas também para a celebração da Eucaristia e a alimentação dos animais. As hortas produziam o suficiente para […]
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