O Governo dos Açores está preocupado com o possível aumento dos custos das matérias-primas no setor agrícola regional, devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, admitindo eventuais apoios aos produtores.
“Vai haver, efetivamente, custos que todos nós já percebemos. Serão consequência deste conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia”, reconheceu hoje o secretário regional da Agricultura, António Ventura, durante uma audição na Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do parlamento açoriano, realizada por videoconferência.
O governante lembrou que a Ucrânia, invadida na passada semana por tropas russas, é considerada “o celeiro da Europa”, e que este conflito militar já fez “aumentar a cotação” dos cereais nas principais bolsas mundiais.
“Nós ainda não conseguimos compreender qual é que será essa escalada, essa inflação, mas estamos preocupados com o preço das matérias-primas no mercado internacional e as suas consequências ao nível da produção”, advertiu António Ventura, admitindo, para já, um “aumento” do custo do gasóleo agrícola, ainda esta semana.
O titular da pasta da Agricultura nos Açores lamenta que o setor tenha vindo a sofrer, nos últimos tempos, diversos contratempos, que estão a penalizar a sua normal atividade.
“Nós tínhamos um problema relacionado com os fretes marítimos e com algumas especulação que a China estava a fazer, em termos de armazenamento de matérias-primas, e agora, além da pandemia, cai-nos em cima, permitam-me a expressão, o conflito militar entre estes dois países”, lamentou o governante.
O secretário regional da Agricultura e Florestas admitiu, por outro lado, que o Governo dos Açores poderá apoiar os produtores do arquipélago, caso os preços das matérias-primas aumentam substancialmente.
“Se, eventualmente, houver problemas e um aumento dos custos para os produtores, nós estamos aqui para, num regime transitório, ajustar esses mesmos custos, até que o mercado corresponda”, frisou o governante.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram cerca de 200 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.