Torres Vedras vai adotar até 2040 medidas de proteção e valorização dos solos, com metas que passam pela redução de adubos e pesticidas, aumento da matéria orgânica e melhoria da capacidade de retenção de água.
“Pretende-se estruturar uma resposta concertada e duradoura aos desafios em matéria de saúde do solo no território”, explicou a investigadora do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) Georgete Félix.
O projeto “Humus Heatlhy Soils” tem como objetivos melhorar a estrutura do solo, aumentar a matéria orgânica, promover a capacidade de retenção de água, aumentar a biodiversidade, reduzir a utilização de adubos de síntese, herbicidas e pesticidas e promover a literacia sobre a saúde do solo.
O plano resultante de um ano de estudo do INIAV tem previsto 31 ações em diferentes áreas de intervenção, como educação e sensibilização, investigação, financiamento e políticas públicas, com metas a alcançar até 2030 ou 2040.
Estão incluídas ações de capacitação sobre gestão sustentável do solo, criação de uma rede de agricultores-chave, lançamento de um programa de reconhecimento e valorização de produtos e produtores que adotam boas práticas e desenvolvimento de uma marca local distintiva, orientada para a promoção da literacia do consumidor.
No domínio da educação, prevê-se a constituição de redes de estudantes embaixadores do solo e criação de um laboratório vivo na Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal.
Ao nível da investigação e inovação, vai ser definida uma agenda centrada na regeneração e sustentabilidade dos solos, alinhada com a estratégia territorial, apoiada por um sistema municipal de monitorização da saúde do solo.
No plano financeiro, a equipa vai tentar mobilizar fundos para projetos que promovam o uso sustentável do solo, valorizando o nexo entre solo, água e biodiversidade.
Entre as políticas públicas a desenvolver, consta a implementação de uma Unidade de Recolha e Reciclagem de resíduos plásticos agrícolas, “essencial à consolidação de um ciclo produtivo mais orgânico e circular”.
O ano de trabalho do projeto culminou com a assinatura de um Acordo de Gestão Territorial para a Saúde do Solo, entre as partes envolvidas, desde agricultores, associações, cooperativas ou empresas, escolas e entidades de investigação, financiadores e administração pública local.
O projeto foi um dos 34 projetos-piloto do projeto europeu “HuMUS – Healthy Municipal Soils”, financiado pelo programa comunitário de investigação e inovação Horizonte Europa, que visa implementar a Missão Solo Europa ao nível regional e local, através da instalação de uma centena de laboratórios vivos, e é o único a ser desenvolvido em Portugal.
O projeto torriense recebeu um financiamento de 30 mil euros do programa.