A 13 de Setembro de 2024 foi confirmada. pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária I.P. (INIAV). a presença, pela primeira vez, do serotipo 3 do vírus da Língua Azul (Febre Catarral Ovina) no território continental nacional, mais precisamente no distrito de Évora, o que originou a publicação pela Autoridade Sanitária Nacional – Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) – do Edital n.º 81 da Língua Azul (publicado a 17/09/2024).
Desde dessa data, a disseminação do vírus ocorreu de forma rápida (já relatada nos Países Baixos em 2023), o que originou a publicação pela DGAV dos Editais n.º 82 (a 02/10/2024) e n.º 83 (a 30/10/2024), sendo que, este último considera como área afetada pelo serotipo 3 da Língua Azul todo o território continental nacional. A relevância da situação originou também divulgação de uma informação da DGAV pela Ordem dos Médicos Veterinários a 16/10/2024.
Associada a uma rápida disseminação, o serotipo 3 apresenta patogenicidade elevada nos ovinos, provocando doença grave e elevada mortalidade. A exata dimensão do número de animais afetados e de animais mortos e o consequente impacto económico, encontram-se em avaliação pela Autoridade Sanitária Nacional e pelos Serviços do Ministério da Agricultura e Pescas, conforme afirmado publicamente pelo Ministro da tutela.
Sendo o vírus da Língua Azul um agente transmitido por vetores, neste caso insetos do género Culicoides, e apesar da importância da desinsetização, a vacinação é ainda a melhor arma à disposição para a proteção dos efetivos suscetíveis e para impedir a circulação do vírus.
A vacinação do efetivo ovino e bovino contra o serotipo 3 do vírus da Língua Azul é permitida desde a publicação do Edital n.º 82 da Língua Azul (02/10/2024), tendo -se alargado essa possibilidade a todo o território continental com a publicação do Edital n.º 83 (30/10/2024) e simplificado o processo de prescrição (não obrigatoriedade de notificação prévia da vacinação), desde que utilizada a PEMV de acordo com o descrito no Esclarecimento Técnico n.º 12/DGAV/2024 (publicado a 04/11/2024).
Tendo em conta o exposto, o Conselho Diretivo da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) reforça a necessidade dos Médicos Veterinários seguirem as indicações da Autoridade Sanitária Nacional, bem como, de promoverem a vacinação dos efetivos suscetíveis, como forma de os proteger e diminuir os impactos económicos resultantes do surto do serotipo 3 da Língua Azul, apelando aos produtores de ovinos que embora constitua um esforço financeiro, a vacinação é o único meio de controlo e minimização do impacto da doença nos seus efetivos.
A Ordem dos Médicos Veterinários apela ao Ministério da Agricultura para que, tendo em conta as particularidades da ovinicultura nacional e os desafios que as alterações climáticas e a consequente circulação de vetores colocam à saúde animal, possa declarar a obrigatoriedade da vacinação do efetivo ovino contra o serotipo 3 da Língua Azul e comparticipação da vacina, como via única de travar a progressão da doença e salvaguardar o efetivo ovino nacional e o seu estatuto sanitário.
Numa altura em que se preparam novas regras de funcionamento para as OPSA – Organizações de Produtores para a Sanidade Animal, no seguimento da nova lei de saúde animal é de salientar e ter bem presente a importância do Médico Veterinário e da sanidade animal, o controlo sanitário, a pesquisa de agentes e a sua rápida deteção aliada a uma atuação oficial independente.
Pretende a OMV com este comunicado contribuir para que:
– A vacinação contra o serotipo 3 seja incluída no plano oficial obrigatório de vacinação, com disponibilização da vacina gratuita, em quantidade e tempo adequados, para uma estratégia que deve ser realmente preventiva.
– Implementação de programa de vigilância de vetores e sentinelas.
– Informatização das notificações da doença, pelo médico veterinário, com registos quantificáveis e fidedignos, rapidamente acessíveis para que possam ser tomadas decisões de acordo com a dimensão do problema.
– Seja avaliada a real possibilidade da entrada eminente de outros serotipos e agilizado um plano de prevenção por antecipação.
– Seja reforçada a disponibilidade financeira e recursos humanos da DGAV para garantir o desempenho de suas atribuições sem constrangimentos.
– O poder político decida com celeridade no sentido de apoiar os prejuízos causados por esta calamidade aos produtores de ovinos, garantindo a subsistência do setor.
Fonte: OMV