O climatologista Mário Marques, do Plano Clima, analisa os indicadores para a estação que se aproxima e explica tudo sobre a depressão que trará chuva ao próximo fim de semana.
Apesar das previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) apontarem para um outono com níveis de precipitação “acima do normal”, nem todos os especialistas concordam com esta análise. O climatologista Mário Marques, do Plano Clima, fez a sua “própria previsão a nível sazonal” e, assumindo que “gostava de acreditar no modelo europeu, que o IPMA segue”, a verdade é que não está “assim tão otimista”.
“O outono climático começa já na próxima sexta-feira, dia 1 de setembro. Estou à espera de um setembro mais seco do que o normal, não muito, mas ligeiramente abaixo da média em termos de precipitação, e aí já não serão boas notícia”, explica Mário Marques.
Olhando também para outubro e novembro, o especialista reconhece que “num contexto geral” não espera “um outono chuvoso”, o que prejudica o combate ao estado de seca que afeta praticamente todo o território nacional.
“Poderá haver os seus picos de maior intensidade de precipitação, mas não estou tão otimista nas minhas previsões como o modelo europeu, que o IPMA segue”, refere na antena da SIC Notícias.
Vem aí chuva e trovoada, mas só a tempo do fim de semana
Sobre um futuro mais próximo, há uma depressão que poderá trazer chuva e “uma ou outra trovoada” ao próximo fim de semana, mas tudo depende “da sua localização”.
“Se a depressão mergulhar com o seu centro sobre Portugal, essa precipitação e instabilidade será mais marginal. Se afastar um bocadinho o seu centro para oeste, para o Atlântico, teremos já uma situação favorável para a ocorrência de aguaceiros e trovoadas no sábado ou no domingo, ou até na sexta-feira, dependendo da localização”, clarifica o climatologista.
Ainda assim, trata-se de “uma situação efémera” que Mário Marques acredita não se manter “por mais do que 24 horas, no máximo 48 horas”.
“Grandes oscilações” preocupam mais que ondas de calor
Olhando para os extremos meteorológicos que têm sido registados, o especialista considera que mais preocupante do que as ondas de calor são as grandes oscilações de temperatura.
“O que se está a constatar é que, desde 2016, há uma tendência sobretudo em Portugal continental de termos picos. Há um aumento súbito da temperatura e, passados dois ou três dias, uma descida abrupta. Isso é que é preocupante porque não há tempo de adaptação para os seres humanos e todos os outros seres vivos”, alerta o climatologista.