A Serra da Gardunha vai ter uma Área Integrada de Gestão da Paisagem (AIGP), além de ser alvo da realização de um cadastro e da criação de um fundo de arrendamento, anunciou a Câmara do Fundão.
Em nota de imprensa, esta autarquia do distrito de Castelo Branco explica que esta AIGP abrange a denominada Cordilheira Central da Gardunha, num total de 4.503 hectares, e que “tem como objetivos reforçar a diversidade da paisagem, aumentar a resiliência da floresta ao risco e integrar espaços florestais em espaços agrícolas, de forma a tornar o território mais produtivo, ao mesmo tempo que se aumenta a eficácia da prevenção contra incêndios”.
A criação da AIGP resulta de uma candidatura apresentada pelo município, sendo que o contrato-programa com o Governo já foi assinado, no âmbito da criação de 47 áreas, que vão ser criadas em 26 concelhos do território nacional, abrangendo quase 100 mil hectares de intervenção.
“A partir do consórcio definido pela rede iNature, consórcio promotor do turismo de natureza em 12 áreas naturais classificadas da região Centro, propôs-se a definição de um conjunto de Áreas Integradas de Gestão de Paisagem, alinhadas com o intuito de definir uma intervenção multifuncional de valorização da paisagem em áreas classificadas, definindo-se um posicionamento comum entre a Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha, Parque Natural Vouga-Caramulo e Reserva Natural da Serra da Malcata”, aponta a informação.
O município liderado por Paulo Fernandes destaca ainda que a criação da AIGP da Serra da Gardunha surge “numa estratégia de mosaico ou de descontinuidade da floresta, em que os espaços florestais são integrados em espaços agrícolas de uma forma a tornar o território mais produtivo e aumentar a eficácia da prevenção contra incêndios”.
“Com esta candidatura, a autarquia teve como intuito proteger a paisagem e a biodiversidade, conservar o solo e a água e diminuir a suscetibilidade ao fogo, numa altura em que se discute o Plano de Recuperação e Resiliência, ao abrigo do Programa Portugal 2020, que define a criação de AIGP como uma medida estrutural desta reforma, enquanto instrumento operativo de gestão e exploração comum dos espaços agroflorestais em zonas de minifúndio”.
No que concerne à área agroflorestal, pretende-se promover uma floresta sustentável e produtiva, com a reintrodução do castanheiro, o reforço do medronheiro, do cogumelo silvestre e diversas espécies autóctones, como o carvalho, o pinho e o sobreiro (zona sul), a promoção da apicultura, o incentivo às práticas de silvicultura, a proteção do ecossistema e a promoção do turismo de natureza.
“Será ainda feita uma forte aposta na investigação e conhecimento na área da biotecnologia, onde o Centro de Biotecnologia e Plantas da Beira Interior terá um papel preponderante”, sublinha a nota.
Além disso, pretende-se igualmente a realização de um cadastro na globalidade da área proposta, a criação de um fundo de arrendamento de terras e a implementação de infraestruturas associadas à rede LORA necessárias para a dar cobertura de rede na paisagem protegida da Serra da Gardunha.
A gestão desta AIGP é feita em coordenação entre entidades públicas, ligadas à investigação, ao desenvolvimento de projetos florestais e gestoras de terrenos privados ou de domínio público, nomeadamente Município do Fundão, Agência de Desenvolvimento Gardunha 21, Pinus Verde, proprietários, associações de compartes, instituições gestoras de baldios, juntas de freguesia, Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior, organizações de produtores da fileira da cereja e do queijo e Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.