Decorreu a 1 de outubro no Cine Teatro S. Pedro, em Alcanena, o Seminário “Olival Tradicional – Políticas Publicas, Sustentabilidade e Competitividade”, uma co-organização da Associação para a Promoção do Olival e Azeite Aire e Candeeiros, da Câmara Municipal de Alcanena e da Direção Geral do Território, com a colaboração da Comissão de Cogestão do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e da Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros.
Não obstante a sensibilização da comunidade em geral quanto à relevância do olival tradicional (predominante nesta região e onde são escassas as alternativas agro-florestais) para a fixação das populações e desenvolvimento equilibrado do território, parece-nos ser menos reconhecido o papel que o olival tradicional pode aportar à dinâmica de criação de valor no setor do azeite, permanecendo por estudar e testar modelos operativos que lhe confiram sustentabilidade e competitividade, a uma escala que possa atenuar o ritmo de abandono a que o mesmo tem estado sujeito nas últimas décadas.
A aprendizagem em curso no contexto do Projeto Ouro Líquido e de outras iniciativas ligadas ao ordenamento e gestão da paisagem constituíram os pontos de partida do encontro de Alcanena, elencando desafios e abrindo caminhos de viabilidade económica do olival tradicional enquanto suporte ao desenvolvimento equilibrado da região.
Exploraram-se neste Seminário diferentes fatores de competitividade, integrando a proteção e valorização da paisagem e dos recursos num contexto de serviços de ecossistema, apontaram-se caminhos para estratégias de marketing de produto alargado, incluindo o olivoturismo, e abordou-se o papel dos planos e programas de financiamento associados à implementação de politicas publicas em curso ou a definir, no contexto do PRR e dos fundos Florestal e Ambiental, sem esquecer novas opções de financiamento sustentável de natureza privada.
Na agenda dos trabalhos, moderados por Luis Melo (Projeto Ouro Líquido e APOAC) e Maria José Lucena e Vale (DGT) estiveram personalidades e temas como os Planos de reordenamento e gestão da paisagem (Fátima Bacharel, DGT), Património e Olivoturismo (Francisco Dias, Projeto Olive4All e Politécnico de Leiria), Produção de Azeitona e de azeite (Francisco Ataíde Pavão, APPITAD e CAP), Serviços Ecossistémicos do Olival (Paula Castro, Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra), A Comunidade Ouro Líquido (Luís Melo, Projeto Ouro Líquido e APOAC), Agricultura Regenerativa no Bairro Ribatejano (Paulo Carvalho, Vivid Farms) e Financiamento Sustentável (António Baldaque da Silva, Center for Sustainable Finance, Católica-Lisbon).
No final, Rui Anastácio (Presidente da Câmara Municipal de Alcanena e Presidente da Comissão de Cogestão do PNSAC) saudou as 7200 famílias que cuidam de cerca de 1,3 milhões de oliveiras, suportando a atividade de 37 lagares de azeite no território destes 7 municípios (Alcanena, Alcobaça, Ourém, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém e Torres Novas), recordou o trabalho que tem vindo a ser efetuado desde 2023 no contexto do Projeto Ouro Líquido, congratulou-se com a recente criação da APOAC e propôs ao Secretário de Estado da Agricultura que considere estas entidades como parceiras estratégicas para o futuro deste setor.
No encerramento dos trabalhos, João Moura, Secretário de Estado da Agricultura, realçou a importância histórica, territorial, social e económica do olival tradicional, reconheceu a visão transformadora e fundamentada do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no contexto do Projeto Ouro Líquido e assumiu o compromisso de apoiar o caminho da valorização da fileira neste território.
Em suma, este seminário juntou cerca de 100 pessoas, entre olivicultores, lagareiros, comerciantes, operadores turísticos, académicos, empresários, associações, autarcas e Governo, visando enquadrar o olival tradicional nas políticas publicas e promovê-lo junto dos agentes públicos e privados.
Recentemente constituída, a APOAC – Associação para a Promoção do Olival e Azeite de Aire e Candeeiros tem por missão potenciar a qualificação, a valorização e a promoção do setor do olival e do azeite português em geral, e do azeite e do olival da região das Serras de Aire e Candeeiros em particular.
Esta nova associação sem fins lucrativos inicia a sua atividade com 53 associados fundadores, congregando olivicultores, lagareiros, embaladores, comerciantes, operadores olivoturisticos e outros interessados pela fileira do olival dos 7 municípios com território no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (Alcanena, Alcobaça, Ourém, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém e Torres Novas).
A constituição da APOAC é uma das medidas do Projeto Ouro Líquido, iniciado em junho de 2023 e que atualmente decorre no quadro da Comissão de Cogestão do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e da ADSAICA (Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros).
Até ao momento, o Projeto Ouro Líquido – que tem por objetivos cuidar do olival, organizar a produção, valorizar o azeite e potenciar o olivoturismo – envolveu mais de 300 pessoas em dinâmica participativa, incluindo operadores do setor, agentes públicos, academia, empresas e demais stake-holders, num ecossistema que designamos de “Comunidade Ouro Líquido”, que se tem revelado uma excelente rede de partilha, aprendizagem e qualificação.
Fonte: ADSAICA