Os cortes de água previstos para o Algarve fazer face à escassez das reservas são o “resultado devastador” da “inação” do Governo do PS, considerou hoje o presidente do PSD regional, Cristóvão Norte.
Numa nota enviada à Lusa, Cristóvão Norte diz que o Algarve vai viver um “dia negro” quando, em fevereiro, forem adotados cortes de água de 70% para a agricultura e de 15% para o consumo urbano para fazer face à seca que atinge a região, exigindo a criação de um “plano de emergência e ajuda aos agricultores” afetados.
Na segunda-feira, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, disse à Lusa que a medida está a ser preparada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e deverá ser introduzida em fevereiro, frisando que o nível atual das reservas regionais é “muito preocupante” e o Algarve está “perto de uma situação catastrófica” caso não chova o suficiente para recarregar as barragens.
“O Algarve vai fechar a torneira para enfrentar a seca. Estão previstos cortes de água de 70% na agricultura e 15% em cada um dos municípios. As barragens algarvias têm atualmente água para mais seis ou oito meses”, salienta na nota o presidente do PSD/Algarve.
Cristóvão Norte atribui os cortes no consumo ao “resultado devastador da inação do governo PS ao longo de oito anos”, período em que seca se foi agravando e não foram feitas novas barragens e bacias de retenção, não se avançou com o transvaze do rio Guadiana a partir do Pomarão, não se combateu com “exigência” as “brutais perdas do sistema”, nem se concluiu a dessalinizadora.
“Em oito anos fez-se muitíssimo pouco e quem vai pagar por isso são as atividades económicas e as pessoas. E o preço vai ser muito alto. Agora, o que há a fazer é indemnizar quem vai ficar a ver as culturas a secar, sem capacidade e meios para produzir, mas isso não resolve o problema. Vão morrer árvores e culturas, vão falir explorações e perder empregos. É uma situação desesperante. É vital um plano de emergência para salvar as atividades afetadas”, defende o dirigente social-democrata.
Cristóvão Norte considera, assim, ser “imperioso” criar “um plano de desenvolvimento regional que equilibre as necessidades de água e as disponibilidades”, ter na região “um perfil económico adequado às suas disponibilidades hídricas” e sensibilizar atividades económicas e população para a necessidade de poupar água.
A posição do dirigente do PSD do Algarve surge após o presidente da AMAL ter dito à Lusa que a APA deverá propor regras para reduzir o consumo de água no Algarve em 70% para o setor agrícola e 15% para os consumidores urbanos.
“A situação é muito preocupante. Estamos perto de uma situação catastrófica e temos de começar a poupar água a sério”, disse António Miguel Pina, alertando que, caso a chuva não aumente as reservas disponíveis, a água existente nas barragens apenas durará “até ao final de agosto” e a aplicação desses cortes permite à região ter água “até ao fim do corrente ano”.
Também na segunda-feira, o vice-presidente da APA José Pimenta Machado admitiu que o plano de contingência vai penalizar mais a agricultura, mas as quotas ainda não estão definidas e serão articuladas com os atores locais.
“Este ano, no Algarve, estamos a atravessar a pior seca de sempre, nunca estivemos nesta situação, com os níveis mais baixos das reservas das albufeiras de sempre e a mesma coisa nas águas subterrâneas”, uma “consequência de dez anos de seca” contínua, afirmou à Lusa Pimenta Machado.
“O uso prioritário é o uso humano e a agricultura terá um corte maior”, acrescentou, numa altura em que as seis albufeiras no Algarve estão a 25% da sua capacidade e 20 pontos percentuais abaixo do que em igual período do ano passado, com um total de menos 90 hectómetros cúbicos de água.