A falta de chuva está a preocupar os produtores pecuários e os agricultores da Guarda, que estão a alimentar os animais com forragens, situação que obriga a custos de produção acrescidos, alertou hoje uma associação do setor.
A presidente da Associação Distrital dos Agricultores da Guarda (ADAG), Sandrina Monteiro, disse hoje à agência Lusa que “a parte mais preocupante” diz respeito aos produtores pecuários, “porque, com a falta de água e as baixas temperaturas, não há desenvolvimento das pastagens”.
Os proprietários de pecuárias em regime extensivo estão a alimentar os animais com forragens e “aquilo que estava previsto gastarem durante o ano, está a ser gasto agora, já praticamente tudo, no inverno”.
Muitos produtores previam ter na sua posse forragens para o ano inteiro, mas, devido à seca, “já estão a gastar tudo nestes meses, porque, não havendo chuva, não há alimentação para os animais”, referiu a presidente da ADAG.
Segundo Sandrina Monteiro, com a falta de chuva, “as reservas dos lençóis freáticos estão quase a nível zero”, por isso, se a situação não se alterar, vaticina que vai faltar água para as culturas agrícolas de primavera e de verão.
A ausência de chuva também pode comprometer o desenvolvimento de culturas agrícolas como o centeio, a aveia e o trigo.
A responsável alerta que a falta de água vai “agravar ainda mais” a situação económica dos agricultores, que já estão a braços com o aumento dos fatores de produção (fertilizantes, combustíveis, rações, etc.).
A ADAG está a fazer uma recolha das necessidades e, se a situação continuar, fará chegar as preocupações dos agricultores ao Ministério da Agricultura “para que haja auxílio nesse sentido”, como já aconteceu em outros anos marcados por situações de seca, rematou a sua presidente.
Mais de metade do território de Portugal continental (57,7%) estava no final de dezembro em situação de seca fraca, tendo-se registado uma ligeira diminuição na classe de seca severa e um aumento na seca moderada, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI) do IPMA, no final de dezembro mais de metade do território (57,7%) estava em situação de seca fraca, 27,3% em seca moderada, 8,7% em seca severa e 6,3% normal.
O instituto classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
O Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) divulgou dados no início de janeiro dados que indicam que as bacias do Barlavento algarvio (com 14,3%) e do Lima (com 22,2%) são as que apresentavam no final de dezembro a menor quantidade de água armazenada. Com menor disponibilidade de água estavam também no final de dezembro as bacias do Sado (41,6%), Mira (41,9%), Cávado (47,3%), Ave (52,8%), Arade (54,4%) e Tejo (56,6%).
Já as bacias do Douro (57,1%), Oeste (62,9), Mondego (66,5%) e Guadiana (76,1%) tinham os níveis mais altos de armazenamento no final de dezembro.
Treze das 60 albufeiras monitorizadas tinham, no final de dezembro, disponibilidades hídricas inferiores a 40% do volume total, enquanto sete apresentavam valores superiores a 80%.