Sapadores florestais protestaram hoje de manhã junto ao Ministério do Ambiente, em Lisboa, para exigir o reconhecimento da carreira e a redução da precariedade.
O protesto, organizado pelo Sindicato Nacional da Proteção Civil (SNPC), ocorreu no âmbito da greve de dois dias convocada pela mesma estrutura sindical, cuja adesão foi declarada em 85% em todo o país.
“Esta greve está a ter um impacto enorme, 85% é um bom número de profissionais parados e pode ocorrer a qualquer momento um incêndio em que seja necessária a presença deles. Penso que esta greve não passará despercebida ao senhor ministrom que vai ter de refletir sobre isto”, considerou o secretário-geral do SNPC, Costa Velho.
Os cerca de 50 sapadores florestais fardados provenientes de vários distritos do país para a concentração deixaram os seus capacetes no chão para simbolizar e denunciar os 22 anos de existência da profissão, que não é uma carreira, nem está regulamentada.
Um dos trabalhadores presentes, Abel Cardoso, deu conta que a carreira dos sapadores florestais está esquecida em termos das condições laborais: desde os equipamentos, aos ordenados que não saem do salário mínimo até à falta do subsídio de risco.
“Sentimo-nos esquecidos, ignorados e abandonados perante o impacto daquilo que fazemos no nosso ecossistema”, disse o sapador florestal.
Para o profissional Álvaro Alves há “uma estagnação” do trabalho dos sapadores florestais e, por isso, as funções são exercidas “sem motivação”.
“Não temos o subsídio de risco, fazemos turnos de 16 e 24 horas e também não temos subsídio de turno. Há uma precariedade bastante elevada no nosso setor”, afirmou.
Além de exigirem uma carreira e um estatuto profissional que dignifique o trabalho, os sapadores florestais pretendem melhores condições de trabalho e atualização dos salários-
As reivindicações serão entregues hoje à tarde ao Governo, segundo o secretário-geral do SNPC.
De acordo com o sindicato, existem atualmente cerca de dois mil sapadores florestais que trabalham para o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), municípios, freguesias e comunidades intermunicipais, estando também presentes no setor privado em associações de produtores florestais, baldios e agrupamentos de baldios.
“Os sapadores florestais são os únicos operacionais do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) que atuam durante todo o ano na floresta contribuindo para que haja uma eficaz gestão de combustíveis para a prevenção de incêndios rurais”, refere o sindicato, frisando que no verão estão também em ações de vigilância e de apoio ao combate aos fogos.
O Governo, através das secretarias de Estado da Conservação da Natureza e Florestas e do Trabalho e Formação Profissional, criou um grupo de trabalho para resolver a situação atual das carreiras dos sapadores florestais, nomeadamente ingressos, vencimentos, categorias e formação profissional, devendo a primeira reunião ocorrer em setembro.
Os profissionais estão em greve até esta sexta-feira, dia 23, e o secretário-geral do SNPC já admitiu a possibilidade de marcação de novas greves ou outras formas de luta legais caso as reivindicações não sejam respondidas.