Um grupo de investigadores europeus alerta que a proposta atual da União Europeia para regular as Novas Técnicas Genómicas (NTG) nas plantas não está em linha com os conhecimentos científicos mais recentes. O estudo foi publicado hoje na revista Plant Biotechnology Journal.
Segundo os autores, as limitações propostas pela Comissão Europeia, que definem um máximo de 20 pequenas inserções genéticas para que uma planta NTG seja considerada equivalente às plantas obtidas por métodos tradicionais, são demasiado restritivas. “Sabemos hoje que a natureza e o melhoramento convencional das plantas provocam alterações genéticas muito mais extensas do que estes limites”, afirmam.
Graças aos avanços das tecnologias de sequenciação do ADN, os cientistas conseguem agora analisar os genomas das plantas com grande detalhe e concluíram que a diversidade genética natural é muito maior do que se pensava. Esta diversidade inclui inserções e deleções genéticas bem superiores às que a proposta legislativa permite.
O estudo também lembra que as NTG, como a edição genética por CRISPR, são muito mais precisas e seguras do que as técnicas tradicionais de mutagénese, como a radiação ou os químicos, que durante décadas geraram variedades cultivadas sem grande controlo sobre as alterações genéticas.
Os investigadores defendem que uma atualização da legislação, com limites mais ajustados à realidade científica, permitiria acelerar o desenvolvimento de plantas mais resistentes às doenças, à seca e às alterações climáticas, sem comprometer a segurança dos alimentos.
A decisão final sobre esta legislação será tomada nos próximos meses, durante o processo de negociação do chamado “trílogo”: o Conselho Europeu, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu. São estas três instituições que decidirão o futuro das NTG na União Europeia.
Leia o artigo em Plant Biotechnology Journal.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.