90% dos portugueses apoia a criação de uma lei contra o desperdício alimentar à semelhança do que foi feito em Espanha.
Mais de metade dos portugueses – 53% – reconhecem que o Governo tomou medidas contra o desperdício alimentar, mas consideram que foram insuficientes e esperavam uma ação mais eficaz.
A esmagadora maioria dos portugueses (94%) apoia a criação de medidas preventivas contra o desperdício alimentar, tais como planos obrigatórios de prevenção de perdas nas empresas, incentivos fiscais, campanhas de sensibilização e a obrigatoriedade de os restaurantes fornecerem embalagens para levar as sobras das refeições.
Com as eleições à vista, a Too Good To Go apela aos partidos políticos para que se comprometam a tomar medidas concretas de combate ao desperdício alimentar.
A Too Good To Go, empresa de impacto social responsável pela maior aplicação do mundo para salvar alimentos e combater o desperdício alimentar, divulgou hoje os resultados do seu último inquérito nacional (*) que transmite uma mensagem clara da sociedade portuguesa à futura legislatura: 9 em cada 10 portugueses consideram que é urgente legislar para reduzir o desperdício de alimentos.
O desperdício de alimentos é um problema global que representa 10% das emissões globais de gases com efeito de estufa e um custo económico mundial superior a 1,1 mil milhões de dólares por ano. Só em Portugal, são desperdiçadas 1,9 milhões de toneladas de alimentos por ano, segundo os dados mais recentes do INE, o que representa uma perda superior a 3,3 milhões de euros anuais. A consciência da população está a aumentar e, de acordo com este último estudo realizado pela Too Good To Go, o desperdício alimentar é uma preocupação para 83% dos portugueses.
De acordo com os dados apurados neste estudo, entre as principais razões para o aumento dessa consciencialização destaca-se, em primeiro lugar, o fator económico. Segundo 93% dos portugueses, devido à inflação e ao aumento do custo de vida, estes procuram evitar o desperdício de comida mais do que antes. Além disso, o aumento da consciência ambiental na sociedade também tem contribuído para uma maior sensibilização relativamente ao desperdício alimentar, já que 80% dos inquiridos está consciente do impacto que este tem no meio ambiente.
9 em cada 10 portugueses apoiam a criação urgente de uma lei contra o desperdício alimentar
A grande maioria dos portugueses sente que, mais do que nunca, são necessárias medidas concretas para combater o desperdício alimentar. Apesar do reconhecimento de algumas ações já implementadas, 53% considera que estas foram insuficientes e 41% entende mesmo que o anterior Governo não adotou quaisquer medidas eficazes. Assim, 9 em cada 10 portugueses apoiam a criação urgente, já na próxima legislatura, de uma lei nacional contra o desperdício alimentar, à semelhança do que foi feito em Espanha.
Desta forma, e tomando como referência as principais medidas propostas na lei contra o desperdício alimentar aprovada em Espanha, 9 em cada 10 portugueses são a favor da criação de uma hierarquia clara e da medição do desperdício ao longo de toda a cadeia alimentar. Além disso, 92% considera que todas as empresas devem ser obrigadas a implementar um plano de prevenção de perdas e desperdício alimentar, e 89% é favorável à atribuição de benefícios fiscais às empresas que adotem medidas contra o desperdício, como forma de incentivo. Por fim, 8 em cada 10 portugueses defendem que os restaurantes devem fornecer obrigatoriamente embalagens para as sobras das refeições, e 9 em cada 10 apoiam a obrigação dos governos de realizarem campanhas de sensibilização dirigidas aos cidadãos.
Em vésperas de novas eleições, Too Good To Go apela à ação política e legislativa
Desde que chegou a Portugal, a aplicação Too Good To Go, juntamente com a sua comunidade de mais de 2 milhões de utilizadores e mais de 4.000 estabelecimentos que vendem através da app os seus excedentes alimentares a preços reduzidos para evitar o desperdício, já salvou mais de 5 milhões de Surprise Bags no país, evitando que alimentos próprios para consumo fossem desperdiçados. Este esforço coletivo traduziu-se na prevenção de 14 milhões de quilogramas de CO₂e — um contributo significativo para a luta contra as alterações climáticas e um exemplo do que é possível quando consumidores e empresas se unem por uma causa comum.
Por isso, nestas eleições, para a Too Good To Go é fundamental que os partidos políticos assumam, de forma clara, o compromisso de aprovar uma legislação eficaz para a redução do desperdício alimentar. Como? Incluindo esta prioridade nos seus compromissos para as eleições legislativas de 18 de maio, pois caberá ao próximo Governo a responsabilidade de transformar esse compromisso numa ação concreta, aprovando uma lei nacional com este objetivo.
Essa legislação, para a Too Good To Go, deverá contemplar um conjunto de medidas estruturantes, entre as quais se destacam: a definição de obrigações e boas práticas para organizações e empresas; a implementação de uma hierarquia de prioridades obrigatória para todos os operadores, em linha com as orientações da Comissão Europeia e da Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar; o desenvolvimento e aplicação, por parte dos operadores da cadeia alimentar, de um Plano de Combate ao Desperdício Alimentar; a adoção de modelos de medição obrigatória ao longo de toda a cadeia alimentar; e a criação de incentivos fiscais e outros mecanismos que promovam a redução efetiva do desperdício.
Para Victoria Albiñana, diretora de Relações Institucionais e Assuntos Públicos da Too Good To Go Iberia, “Os portugueses estão prontos. As empresas estão a fazer o seu caminho. O próximo Governo terá de assumir a sua parte e transformar essa vontade coletiva em legislação eficaz. Espanha deu um passo decisivo ao aprovar uma lei contra o desperdício alimentar, que envolve toda a cadeia de valor — da produção ao consumo — e Portugal não pode ficar para trás. Este estudo mostra que a vontade dos portugueses é clara: 92% reconhecem a urgência de agir demonstrando que o desperdício alimentar tem de ser uma temática prioritária para o país, também pelo compromisso com a Agenda 2030, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12.3 e os objectivos de redução estabelecidos pela União Europeia.”
O desperdício alimentar é um desafio que diz respeito a todos — cidadãos, empresas e, claro, ao Governo. Através deste estudo, os portugueses mostraram de forma clara que estão prontos para mudar e querem que o país avance. Com medidas concretas, visão estratégica e compromisso político, é possível reduzir drasticamente o desperdício alimentar em Portugal. A Too Good To Go está disponível para colaborar, mobilizar e continuar a fazer parte da solução. Mas para que o impacto seja real e duradouro, é preciso que o Governo assuma a sua responsabilidade e lidere este movimento.
(*) Inquérito realizado pela Appinio, durante o mês de abril de 2025, para a Too Good To Go a uma amostra nacional representativa de mais de 700 pessoas com mais de 18 anos em Portugal.
Fonte: Too Good To Go