Se a tradição ainda for o que era, o futuro governo socialista, apesar de em versão task force, manterá oito (no máximo dez) dos atuais ministros. Em análise no DN, os inevitáveis e os que saem da sombra e os ministérios na mira de sofrer alterações.
Ninguém procura neles competências técnicas “extraordinárias” para um qualquer ministério, alguns foram até ministros sem ministério, outros “somente” secretários de Estado. O epicentro da coordenação e iniciativa política, habitualmente conhecido como núcleo duro do governo, apesar de ser considerado um regular “importante mecanismo institucional”, ainda que informal, não esteve presentes em todos os governos desde 1976.
“É um órgão informal que acaba também por preparar o Conselho de Ministros e preparar toda a semana do governo em termos de estratégia de comunicação, de reagir a crises, de colocar coisas na agenda, de tirar coisas da agenda, colocar o enfoque de comunicação numa determinada questão e não noutra, antecipar problemas. É uma task force dentro do governo, um conjunto de pessoas com quem o primeiro-ministro reflete a estratégia política que claramente têm um maior ascendente sobre os restantes membros do governo”, explica o investigador Pedro Silveira.
“Tende a ser exclusivamente político e partidário. Integram esse grupo pessoas da estrita confiança do primeiro-ministro. As escolhas não derivam do estatuto do ministério, mas sim da ligação política ao primeiro-ministro. Funcionam como um gabinete restrito para discutir questões, tomadas de decisão, definição de estratégia”, sublinha Marina Costa Lobo.
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A coluna vertebral do governo
Desde o governo de Sá Carneiro que a média de ministros que transitam de um executivo para o seguinte ronda os sete. Só Cavaco e Costa quebraram o ritmo de permanência. O social-democrata manteve 12 dos ministros do primeiro para o segundo governo (oito haveriam de cair); o socialista repetiu 14 dos ministros – dois acabariam por sair. A grande movimentação aconteceu no primeiro governo de Costa com oito saídas. Semelhante cenário, e neste caso também oito afastamentos, só se verificou na última maioria absoluta de Cavaco .
O cruzamento dos dados, entre núcleo duro e repetições, identifica como hipóteses de permanência, algumas óbvias, Mariana Vieira da Silva, Duarte Cordeiro, Siza Vieira, Pedro Nuno Santos, Marta Temido, João Matos Fernandes (que estará de saída), João Gomes Cravinho e Ana Mendes Godinho.
“Os inevitáveis, gente que passa de um governo para outro mesmo que mudem de pasta ou dos que ascendem a ministros como pode ser o caso de Tiago Antunes, secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, e de André Moz Caldas, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros”, diz Pedro Silveira.
Santos Silva não é colocado neste lote dado que, como disse em entrevista ao Expresso, pretende acabar “a atividade profissional na minha profissão na Faculdade de Economia do Porto”. O que pode significar ser o candidato do PS à presidência da Assembleia da República.
Acrescentando à equação a garantia de Costa, de que vai ter um governo mais curto, e o histórico de pastas que se juntam, são percetíveis mudanças na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Educação e Cultura; na Agricultura e no Mar; no Planeamento, Modernização do Estado e Coesão Territorial.
Fonte socialista coloca, por isso, fora do governo Manuel Heitor, Ana Abrunhosa, Maria do Céu Albuquerque, João Matos Fernandes e João Leão. E enquanto Medina já “está a trabalhar” outros estão na corda bamba: Graça Fonseca , Nelson de Souza e Ricardo Santos. Alexandra Leitão e Tiago Brandão Rodrigues surgem como “cartas” a repetir.
Marina Costa Lobo considera “muito provável que o núcleo duro de Costa que integrou o anterior governo se mantenha neste também, embora com algumas mudanças: sai possivelmente Santos Silva, que transita para presidente da Assembleia da República onde se fará muito do combate contra os novos partidos que cresceram bastante nas últimas eleições (CH e IL). Poderemos ver Duarte Cordeiro, organizador da campanha de Costa, ser recompensado com lugar ministerial, ou Ana Catarina Mendes, na última legislatura líder parlamentar, e José Luís Carneiro, até agora secretário-geral adjunto. Mas outros continuam como Mariana Vieira da Silva. E ainda outros que integram por proximidade ao primeiro-ministro, sem serem partidários, por exemplo Siza Vieira – sinal da força de Costa, que constrói o núcleo duro maioritariamente com base no PS, mas […]