Quatro adegas cooperativas do Douro vão pedir uma audiência urgente à ministra da Agricultura para reclamar soluções rápidas que beneficiem pequenos e médios produtores que precisam de vender as uvas a um preço justo e compensatório.
As Caves Santa Marta (Santa Marta de Penaguião) e as adegas de Mesão Frio, Murça e Vila Real, no distrito de Vila Real, lançaram “um alerta público” para o que dizem ser a “situação aflitiva em que vivem pequenos e médios agricultores do Douro”, e, através de um comunicado, informaram que vão pedir uma audiência urgente à ministra da Agricultura.
“Olhem para o Douro no seu conjunto. Grandes, médios e pequenos produtores levantam e constroem ano a ano com muito sacrifício a paisagem do Douro Património Mundial, de que todos nos orgulhamos e que tantos turistas atrai. Sejam rápidos a encontrar soluções que não beneficiem apenas a grande produção/comércio. Não queiram que a paisagem fique pintalgada com pequenas, mas muitas manchas de terreno inculto, desmerecendo o Douro”, pediram ao Governo.
As cooperativas, que representam milhares de viticultores, defenderam que os “agricultores do Douro, com custos de produção elevados devido à orografia do terreno têm de vender o seu produto a um preço que seja justo e compensatório do esforço despendido, sem cortes na autorização da produção e elevação do preço do benefício”, ou seja a quantidade de mosto que pode ser transformada em vinho do Porto.
As adegas lembraram o corte no benefício das 116 mil pipas (550 litros) em 2022 para as 104 mil pipas este ano.
“Este corte responde aos anseios de grandes produtores/exportadores que têm excesso de vinho do Porto devido a uma alegada quebra nas vendas e não querem que ao mercado continuem a chegar quantidades de vinho que tornam difícil o escoamento do que têm armazenado”, apontaram.
Acrescentaram que muitos viticultores “vivem muito dependentes do número de litros que anualmente são autorizados para a produção de mosto generoso”.
“Para que fique claro para toda a gente 750 quilos de uvas destinadas à produção de vinho do Porto valem pelo menos três vezes o preço atribuído aos mesmos 750 quilos que são destinados à produção do vinho de consumo”, detalharam.
E sublinharam que “é cada vez mais difícil aos pequenos e médios produtores lançarem-se anualmente no cultivo da vinha, correndo sérios e fundados riscos de que o preço que vão obter na venda de uvas não cubra os custos de trabalho e de produtos aplicados para tratamento e proteção das videiras”.
“Os pequenos produtores continuaram a trabalhar diariamente para produzir com a mesma qualidade ainda que com mais esforço e mais custos e não poderão ser mais penalizados pela redução nas vendas. Esta redução deverá ser combatida com inovação e promoção para melhorar as vendas e não punir quem vive da produção”, referiram.
Acrescentaram que, a “continuar por este caminho, muitos lavradores vão abandonar o cultivo deixando as terras ‘a monte’ ou optar por outras culturas alterando a paisagem dos socalcos do Douro”.
“É indubitável que o Governo e os organismos ligados ao vinho do Douro têm rapidamente de promover o vinho do Porto, interna e externamente, mais e melhor, para vender mais e melhor”, defenderam ainda.
Entre janeiro e maio, registou-se uma quebra nas vendas de vinho do Porto de 8,8% em volume de negócios.