As autoridades francesas mobilizaram 3.200 polícias para supervisionar no sábado uma manifestação não autorizada contra um projeto de reservas de água destinado à agricultura, num momento de forte tensão social relacionada com a reforma do sistema de pensões.
As forças policiais mobilizaram igualmente camiões militares, veículos ligeiros e helicópteros, tendo começado a assumir posições hoje de manhã em redor do projeto em construção na localidade de Sainte-Soline, centro-leste do país, palco em outubro passado da última manifestação contra esta infraestrutura, protesto que também não foi autorizado.
As autoridades esperam a presença de 7.000 a 10.000 pessoas, e quando mais de 1.000 ativistas já chegaram hoje à região, incluindo diversos grupos com a cara encoberta e vestidos de negro, segundo o relato da agência noticiosa AFP.
“Veremos imagens extremamente duras porque existe uma grande mobilização da extrema-esquerda e dos que querem agredir os polícias, e talvez matar os polícias e matar as instituições”, profetizou o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, em declarações à cadeia televisiva Cnews.
“Esperamos violências importantes”, admitiu um representante local, enquanto o general Samuel Dubuis, da polícia nacional militarizada (‘gendarmerie’) anunciava a apreensão de “fisgas, lança-pedras, objetos contundentes ou produtos incendiários (…) e ainda facas e machados”.
“Quando o país se rebela para defender as reformas, vamos em simultâneo lutar para defender a água”, afirmaram os organizadores do protesto, onde se incluem um movimento ecologista e a Confederação Camponesa, um sindicato agrícola próximo da esquerda.
Os apoiantes do projeto, onde participa uma cooperativa agrícola, consideram a construção essencial para combater a seca, enquanto os opositores denunciam um “armazenamento” de água pela “agroindústria” num período de alterações climáticas.
Nas últimas semanas, França tem sido palco de uma onda de greves e protestos, vários marcados por episódios de violência, contra a revisão da lei das aposentações, que aumenta de 62 para 64 anos a idade de reforma sem penalizações financeiras.
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