A Câmara de Vila Nova de Poiares apresentou hoje a operação integrada de gestão de paisagem (OIGP) do Alva, um projeto que pretende intervir em 464 hectares do concelho e acabar com a monocultura do eucalipto ali presente.
Na freguesia mais pequena e menos populosa daquele concelho, Lavegadas, aquele município do distrito de Coimbra pretende transformar uma área de 464 hectares junto ao rio Alva, dominada pela monocultura do eucalipto, apostando numa floresta que junte a vertente de produção (pinheiro-bravo e eucalipto) com a aposta noutras espécies, como o castanheiro, o sobreiro ou o medronheiro, numa iniciativa financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O que vai acontecer é que a floresta vai passar a ser gerida, o que não tem acontecido até aqui, por variadíssimas razões”, afirmou o presidente da Câmara, João Miguel Henriques, que falava hoje aos jornalistas no final da apresentação da OIGP, que contou com a presença do secretário de Estado das Florestas.
Segundo o autarca, são poucos os proprietários que ainda cuidam dos seus terrenos, num território “ciclicamente afetado por incêndios florestais”.
O objetivo da operação na área integrada de gestão da paisagem (AIGP) definida pela autarquia é tornar a floresta “sustentável”, seja do ponto de vista ecológico e económico, mas também no combate contra incêndios.
“Para que isso aconteça, a floresta tem de estar limpa, tem de estar cuidada, tem de estar ordenada, tem de estar tratada, e tem de haver também aqui alguma preocupação ambiental, no sentido de combater aquilo que tem sido um desprezo e o abandono da floresta”, vincou.
No caso de Vila Nova de Poiares, a gestão da OIGP foi entregue à empresa privada Natural Sustainability, que fica responsável pela execução do projeto.
Segundo o responsável da empresa, Luís Alcobia, o processo foi moroso, com a AIGP a ter sido constituída em setembro de 2021, mas apenas a começar a ser executada agora, depois de vários passos que tiveram de ser dados.
A OIGP tem uma verba de 695 mil euros por parte do PRR e já conta com 60% do terreno com proprietários identificados.
Entre os objetivos da operação, estão o aumento da rentabilidade para o proprietário, o incremento da heterogeneidade da paisagem e uma adaptação do território às alterações climáticas, elencou Luís Alcobia.
De momento, a grande mancha florestal da área a intervir é ocupada por eucalipto, estando também presentes manchas de invasoras, como as acácias.
Segundo Luís Alcobia, prevê-se para outubro as primeiras intervenções de maior dimensão.