O Plano de Gestão Florestal da Mata Nacional de Leiria, após os incêndios de outubro de 2017 e da tempestade Leslie um ano depois, está em consulta pública, anunciou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Segundo informação do ICNF, o novo plano “assenta nos princípios de uma gestão florestal sustentável e adaptativa” e, entre os objetivos, está o “restauro dos ecossistemas e aumento da sua resiliência”, sobretudo “contra incêndios rurais, plantas invasoras e agentes bióticos nocivos”.
Outra das metas passa pela “multifuncionalidade da floresta, com diversificação dos bens e serviços dos ecossistemas prestados”, e a “promoção da biodiversidade, assente numa floresta de pinhal bravo, designadamente através da utilização de outras espécies autóctones sempre que as condições o permitam e da criação de pequenos charcos”.
Quer-se ainda potenciar a fruição da Mata Nacional de Leiria pelas pessoas, “através da melhoria das condições para realização de atividades de recreio compatíveis com a salvaguarda dos valores ambientais”.
O ICNF explicou que o documento “está alinhado com as recomendações que constam no ‘Programa de Recuperação das Matas Litorais’, elaborado pela Comissão Científica, mas também reflete algumas das propostas que foram avançadas ao longo destes anos por diferentes sujeitos da sociedade civil e dos meios académicos”.
Esta Comissão Científica foi constituída em janeiro de 2018, com representantes de instituições do ensino superior e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, “com a missão de produzir e partilhar informação técnica e científica relativa à gestão das matas litorais e à melhoria da capacidade das entidades gestoras na execução das operações de estabilização de emergência, reabilitação de habitats e recuperação” na sequência dos incêndios de 2017.
A Mata Nacional de Leiria, que ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande, tem 11.021 hectares. Nos incêndios de outubro de 2017, 86% da sua área ardeu, de acordo com o ‘site’. Já a tempestade Leslie afetou 1.137 hectares desta mata, também conhecida como Pinhal do Rei ou Pinhal de Leiria.
Esta mata tinha, à data dos incêndios, um Plano de Gestão Florestal em vigor, aprovado em maio de 2012.
Ainda segundo este sítio na internet, “depois destas catástrofes”, o ICNF tem vindo a intervir “na recuperação das áreas ardidas, na reabilitação dos espaços afetados pela tempestade Leslie e na defesa e salvaguarda dos povoamentos florestais remanescentes”.
Ao nível da exploração florestal, a ação imediata centrou-se na avaliação e alienação do material lenhoso existente na Mata Nacional de Leiria, para “assegurar a venda do material lenhoso por forma a minimizar as perdas de madeira de qualidade superior e preparar a estação florestal, para criar as melhores condições de rearborização através do aproveitamento da regeneração natural de pinheiro-bravo e da plantação”.
A área explorada na sequência dos incêndios é de 7.594 hectares, onde foram alienados quase dois milhões de árvores (volume total de 714.785 metros cúbicos), representando uma receita total na ordem dos 17,1 milhões de euros.
Já “o plano de recuperação em execução incorpora as orientações estabelecidas no Relatório para a Recuperação das Mata Nacionais e Perímetros Florestais da Região Centro”.
“As intervenções realizadas e programadas no período 2018-2024 incidem sobre a quase totalidade da área da mata, com efeitos na área ardida e, igualmente, na área não ardida”, lê-se no ‘site’.
O investimento executado na área que ardeu em 2017 é de 2,2 milhões de euros e em contratação encontram-se em 5,7 milhões de euros. O investimento em área não ardida é de 368 mil euros, estando em contratação quase 900 mil euros.
O Plano de Gestão Florestal da Mata Nacional de Leiria, cujo processo de consulta pública começou hoje, prevê o conjunto de intervenções necessárias a realizar até 2038, “podendo as mesmas serem objeto de ajuste em função da dinâmica que se verifique na evolução dos ecossistemas e povoamentos, no âmbito dos princípios de uma gestão adaptativa e sustentável”, acrescentou o ICNF.
A consulta pública termina em 01 de fevereiro. O documento pode ser consultado na Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Centro, na Marinha Grande, e aqui.
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Pinhal de Leiria vai ter menos autóctones que o previsto e outro modelo de exploração