Uma grande fila de pessoas para entrar marcou a reabertura do mercado de produtos da terra de Bragança, esta sexta-feira. As novas regras de funcionamento apenas permitem um número reduzido de clientes no espaço, obrigando os interessados a esperar na rua.
O mercado ao ar livre, mas coberto, tem capacidade para 80 comerciantes mas apenas 40 estão instalados e ansiosos por fazer algum dinheiro depois de quase dois meses a zeros. Tanto do lado dos que vendem como dos que compram, a opinião era só uma: os pequenos mercados/feiras ao ar livre não deviam ter encerrado.
“As grandes superfícies ficaram abertas e o pequeno produtor teve que fechar. Neste caso, há muitas condições de segurança, espaçamento entre as pessoas, entre comerciantes, o local e amplo e arejado”, explicou Luís Silvestre, cliente que já estava à espera há mais de meia hora. “Não me importo. É um mal menor”, explicou. Por oposição, Adelina, idosa, a quem já custa esperar muito tempo em pé, disse ser “muito aborrecido estar na fila mais de meia hora”.
A reabertura dos mercados obriga ao cumprimento de medidas de higiene e segurança: uso de máscara para vendedores e público; instalação de dispensadores, em cada banca, para desinfeção das mãos; delimitação/marcação dos lugares destinados aos vendedores, respeitando a distância de segurança; e entradas de clientes controladas por funcionários municipais.
Júlia Brás, comerciante de queijos e fumeiro de Vila Nova de Foz Côa, no distrito a Guarda, não estava satisfeita com a forma como os clientes estavam a aceder ao mercado, face à demora na entrada. “Está tudo bem organizado mas estão a falhar neste aspeto porque entra pouca gente de cada vez. As pessoas cansam-se de esperar e vão embora. Nós é que perdemos”, lamentava a produtora.
A maioria dos clientes procurava o renovo (hortícolas para plantar as hortas) para retomar retomar a vida normal na agricultura. Até agora era difícil encontrar estas plantas, porque os mercados e feiras estavam encerrados.
Os agricultores comerciantes falam de prejuízos elevadíssimos. “Estimo 70% de prejuízo porque agora já é tarde para vender o renovo. E a fruta, como a cereja, está a estragar-se porque não tem escoamento. Demoraram muito a abrir os mercados o que acarreta muitos prejuízos para os pequenos produtores que não têm outra forma de vender”, contou João Manuel, da freguesia de Cabanelas, concelho de Mirandela.
Mesmo o comércio de pão sofreu uma quebra assinalável. Elisa Figueiredo, produtora de pão em forno de lenha, queixa-se de uma perda de mais de 50% nas vendas. “Neste tempo do estado de emergência só produzia por encomenda. Temos que nos adaptar a uma nova realidade. Vamos tentar fazer algo para trabalhar. Aqui neste mercado podia entrar mais gente, todos temos máscara, luvas e o desinfetante nas bancas e é ao ar livre”, descreveu a padeira.
A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIMTTM) permitiu a reabertura de mercados de produtos da terra nas feiras semanais ou quinzenais nos nove concelhos que integram esta entidade no início da semana.