O kiwi ainda não entrou completamente nos lares portugueses
A Associação Portuguesa de Kiwicultores foi fundada há 15 anos e atualmente é a plataforma de encontro entre os diversos interesses da fileira. Os seus objetivos passam por procurar respostas fundamentadas que possam ser implementadas pelos produtores, partindo do pressuposto que conhecimento e informação são armas inestimáveis para o saber fazer.
Conta com duas centenas de associados e uma área de intervenção transversal, sendo que a cultura se encontra num momento de diversificação. Com uma produção média anual entre as 25 a 30 mil toneladas a balança comercial é positiva, todavia enfrentando novos desafios que inicialmente não se colocavam como as questões sanitárias e a realidade das alterações climáticas.
À frente da Associação desde o final do ano passado, Patrícia Duarte gostaria de ver a APK estreitar ainda mais os laços com todos os intervenientes da fileira. Em entrevista esclarece um pouco mais sobre a produção de kiwi em Portugal.
De uma forma sucinta, como evoluiu a APK nestes 15 anos?
A APK tem vindo a evoluir progressivamente ao longo destes 15 anos. Grande parte do trabalho desenvolvido não tem visibilidade para o público em geral porque acontece em reuniões com as Direções Regionais de Agricultura e Pescas, Confederação dos Agricultores de Portugal e outras entidades onde se abordam questões transversais que afetam o setor, como por exemplo, doenças e pragas que afetam a cultura, fisiologia da planta, questões legais, questões dos seguros de colheita, as autorizações de utilização de determinados produtos fertilizantes e fitofarmacêuticos em território nacional, os contactos com os nossos parceiros internacionais, etc.
É atualmente a plataforma de encontro entre os diversos interesses da fileira.
Como se define hoje (objetivos, n.º de associados, área de intervenção…)?
A Associação hoje não se vê desligada do conhecimento científico. Acreditamos plenamente que o que se faz nas Universidades tem de vir para o terreno e para que isto aconteça têm de ser criadas parcerias onde se colocam questões que procuram resposta.
Os nossos objetivos passam assim por procurar respostas fundamentadas que possam ser implementadas pelos produtores. Apostamos também no desenvolvimento e na solidificação dos conhecimentos dos produtores com a aposta na formação porque acreditamos que o conhecimento e a informação são armas inestimáveis para o saber fazer.
Neste momento temos cerca de 200 associados e uma área de intervenção transversal que vai desde os técnicos aos entrepostos e claro ao próprio kiwicultor.
E a cultura em si, como evoluiu e em que estado se encontra? Que tipos de kiwis temos? Há novas / diferentes formas de produzir? É feita em locais onde inicialmente não se imaginava possível?
A cultura tem evoluído progressivamente e encontra-se num momento de diversificação. Inicialmente tínhamos unicamente o kiwi de polpa verde mas agora temos também o kiwi de polpa amarela, o kiwi arguta ou baby kiwi e ainda a dar os primeiros passos, o kiwi vermelho.
A forma de produzir basicamente é a mesma, assenta em dois modos de condução que podem ou não ser cobertos com rede e/ou plástico de acordo com a variedade em causa e o local onde se encontra a exploração.
Os locais onde se faz kiwicultura também foram evoluindo. Há cerca de 30 anos quando o nosso país começou a conhecer esta cultura, muitas vozes defendiam que deveria manter-se nas regiões de Entre Douro e Minho e Bairrada. Agora não só se faz em Coimbra como ainda mais a Sul. Claro está que há limitações geográficas e uma coisa é conseguir ter plantas que produzam alguma fruta, outra coisa é ter plantas a produzir de forma profissional e de modo rentável.
Tem havido a introdução de novas variedades, qual a aceitação por parte dos produtores?
Sim, tem havido a introdução de novas variedades. A aceitação por parte dos produtores é boa mas tem de ser ponderada porque novas variedades têm também novos requisitos.
Quais as mais adequadas a Portugal?
Nós estamos num cantinho abençoado, mas é preciso ver caso a caso. É preciso ver o que se quer fazer e onde se quer fazer. Conhecer as características da variedade e as caraterísticas edafoclimáticas do local onde temos as nossas parcelas. É essencial para fazer um balanço custo/beneficio e assim evitar dissabores futuros.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 226 (maio 2018)