Falar e pensar o Mundo Rural obriga a reuniões com dezenas de entidades públicas de vários Ministérios e tutelas com objectivos e estratégias diferentes, pouco coordenados, muitas vezes contraditórios
Perante a brutalidade dos acontecimentos de 2017, seria terrível se nada tivéssemos aprendido. Na verdade, sabemos hoje que estamos mais vulneráveis e mais indefesos perante incêndios rurais descontrolados.
O simples facto de lhes chamarmos hoje de “Rurais”, já demonstra alguma aprendizagem. Os incêndios não são um problema da floresta.
Mas o que fizemos e o que pretendemos fazer com esse conhecimento? Em resumo fizemos o mesmo de sempre, mais leis e estratégias, umas novas e outras antigas com uma roupagem actual.
De lá para cá separámos a floresta da agricultura, fomentámos uma redução da actividade pecuária, encontrámos um novo “inimigo do ambiente” na agricultura intensiva e desenhámos uma nova forma de fazer “política rural” secundarizando o diálogo e o papel das organizações de proprietários na discussão de instrumentos de política.
Ao mesmo tempo que se “redescobriu” a urgência de valorizar o interior como forma de prevenir os incêndios que agora são rurais, define-se como grande objectivo da agricultura e da floresta o de ser “sumidouro de carbono”, na lógica de compensação pela poluição de outros sectores.
Mas comecemos pelo fim, pela ausência de diálogo. As organizações de agricultores e proprietários fizeram um trabalho notável nas últimas décadas em matérias de criação de uma estrutura vertical representativa que permite e facilita o diálogo institucional a nível estratégico e político. Hoje, e ao contrário das “concertações noutras actividades”, remete-se o diálogo para meras “discussões públicas formais”.