Num estudo de Messias Mira e Luciano Lourenço, encontram-se dados com interesse sobre os nossos incêndios florestais, desde logo sobre as suas causas. Metade dos incêndios verificados entre 1996 e 2010 tinham causas indeterminadas – ou seja, não foi possível atribuir a sua origem. 20% tinha origem em atos voluntários de alguém que quis efetivamente criar um incêndio. E outros 20% tinham como causa um ato involuntário, mas negligente, no uso do fogo. Se se distribuir na mesma proporção os 50% que têm causas indeterminadas, chegaremos, de forma simplista, à conclusão de que 40% dos incêndios são causados por mão criminosa e outros 40% resultam de um uso negligente do fogo.
Esta é, portanto, a realidade portuguesa, e distinta da realidade de outros países do sul da Europa, com condições climatéricas semelhantes. Portugal é, de longe, o país com mais ignições, muito afastado de Espanha, França, Itália ou Grécia, e com uma tendência de aumento, ao contrário dos demais países, imediatamente na área ardida, para uma análise comparativa que é apresentada compreendendo o período entre 1981 e 2010.
Nada pode ser feito em relação ao crime de incêndio ou ao uso negligente do fogo?
Sabemos hoje […]