O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, disse hoje que a proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) esquece as empresas, defendendo que o Governo tem pouca sensibilidade económica.
Este orçamento do Estado é na linha dos seis orçamentos que já foram apresentados, em que as empresas são esquecidas”, disse hoje Luís Mira, numa intervenção na ‘Conversas no Caldas’, uma iniciativa promovida pelo CDS-PP.
O secretário-geral da CAP disse constatar “que este Governo tem pouca sensibilidade económica”, justificando que “vários ministros têm pouca ligação ou nenhuma” à vida das empresas.
Numa intervenção num debate sobre inflação, identificou os adubos, as rações, a energia e o gasóleo como as áreas que sofreram o maior impacto da subida dos preços no setor da agricultura.
Durante uma intervenção no mesmo debate, o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, disse que a proposta do Orçamento segue a que foi apresentada “há seis meses”, antes da guerra na Ucrânia.
Considerando que o cenário macroeconómico do Governo “é manifestamente otimista”, Paulo Núncio disse que a inflação “está a ter e vai continuar a ter um impacto brutal na vida dos portugueses”, nomeadamente com a “quebra significativa do poder de compra das famílias, mas também na redução da poupança”, no crédito habitação e aumento dos custos de energia e matérias-primas a suportar pelas empresas.
“Ao contrário do que o Governo diz, a situação económica e financeira que o país tem para enfrentar a crise não é boa”, disse.
Também o economista António Nogueira Leite afirmou que “a inflação neste momento está para ficar”, acreditando que “neste ano e no próximo, se não mais, vamos ter movimento de subida de preços”.
Para o economista tal tem consequências nas políticas de rendimento, afetando, “sobretudo, os mais pobres” e pessoas “com rendimentos nominais fixos”.