O sucesso do território prende-se com a água. E o futuro, neste domínio, vai muito para além da barragem
Quem conheceu Odemira há umas dezenas de anos, este que é o maior concelho nacional em área e o menor em densidade populacional, sabe bem o deserto que literal e alegoricamente ele constituía. Deserto de vegetação, de gente, de perspetivas. Sem uma intervenção de fôlego, e a criação de um enorme reservatório de água, o território nunca teria saído da letargia em que durante décadas, diria séculos, se arrastou. Estávamos em pleno Estado Novo e assim nasceu a Barragem de Santa Clara, uma obra de engenharia ao mesmo tempo simples e notável que, tirando partido da morfologia do terreno, pareceu adivinhar a importância e o custo que a energia viria a representar no futuro. Com ela nasceu o Perímetro de Rega do Mira.
Com ele, seguiram-se anos de adaptação a esta nova situação com altos e baixos nas escolhas do modelo de desenvolvimento. Um caminho errático que deixou atrás de si um rasto de abandono e uma imagem de marca negativa que durante muito tempo perdurou. Os bons empresários e investidores, no entanto, prevaleceram, e este pequeno canto do país converteu-se numa das mais produtivas bolsas agro-económicas de Portugal. E com a posterior criação do parque natural, provou-se a compatibilização de economia e […]