Produto utilizado como adubo estaria armazenado de forma negligente no porto de Beirute desde 2013.
As explosões em Beirute que, ao final da tarde desta terça-feira fizeram pelo menos 100 mortos e vários milhares de feridos terão sido originadas por materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa. Entre estes materiais está o nitrato de amónio, produto que as autoridades libanesas apontam como a causa provável das explosões.
O que é, então, o nitrato de amónio? É, desde logo, um fertilizante muito usado nos campos agrícolas, como explica à TSF o presidente da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa. Esta é a substância “responsável pela cor verde” das plantas: uma espécie de guloseima.
“O amónio é o azoto e o azoto é um dos três principais nutrientes da plantas”, começa por notar o engenheiro agrónomo. O amónio permite que as plantas desenvolvam a sua cor verde “porque é o elemento que promove a produção da clorofilina através de um processo que se chama fotossíntese”.
Assim, quando aplicado, o azoto é um “rebuçado para as plantas”. Mas há também uma dimensão “muito inflamável” nestes produtos químicos.
“Para provocar uma explosão grande é precisa uma grande quantidade, mas qualquer quantidade é inflamável”, alerta Oliveira e Sousa, reforçando que é “sempre perigoso: um quilograma de amónio faz uma pequena bomba”.
Sobre o que terá acontecido esta terça-feira em Beirute, o líder da CAP avança com duas explicações possíveis.
“Se o que aconteceu tem a ver com nitrato de amónio, ou ele estava no sítio errado ou estava a ser utilizado para fins diferentes” dos que descreveu o engenheiro agrónomo durante esta conversa com a TSF.
O produto “não é mais perigoso que outros elementos”, assegura. Ainda assim, quando está armazenado – “seja em forma de adubo, seja em forma de produto puro” -, tem de estar “armazenado em condições para que não aconteçam situações como aquela. Pode ter sido um azar, como pode não ter sido”, reconhece, sem querer tirar outras conclusões.
Substância armazenada no porto
A Al Jazeera cita relatórios oficiais para revelar que altos cargos libaneses sabiam que o produto estava armazenado no porto de Beirute há mais de seis anos.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.
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