Qualquer política pública, por muito necessária que seja e por muito prementes que sejam os objetivos e as metas que se propõe conseguir, tem custos sociais, económicos e financeiros, que não devem ser escondidos nem ficar ausentes dos anúncios políticos.
Limitar o discurso político aos radiosos dias do futuro esquecendo o preço a pagar pela mudança pode resultar no alheamento dos cidadãos dessas políticas, quando não em revoltas mais ou menos graves. Veja-se, por exemplo, a política de transição energética: é apelativo falar de eletrificação, de mobilidade suave, etc. Mas fomos informados sobre os custos da descarbonização e o seu contributo para a atual subida descontrolada do preço dos combustíveis fósseis?
A Estratégia do Prado ao Prato faz parte do Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal), que foi desenhado pela Comissão Europeia fundamentalmente para tornar a economia da UE mais sustentável.
Refere a Comissão Europeia expressamente que “…as alterações climáticas e a degradação do ambiente representam uma ameaça existencial para a Europa e o resto do mundo. Para superar estes desafios, o Pacto Ecológico Europeu transformará a UE numa economia moderna, eficiente na utilização dos recursos e competitiva…”.
Surpreendentemente, de forma leviana e não fundamentada, afirma também que “…o Pacto Ecológico Europeu é também a nossa boia de salvação para sair da pandemia de COVID-19…”! (não é uma blague de mau gosto; veja-se o sítio web oficial da União Europeia).
Até 2030, a aludida estratégia visa consagrar amplas áreas de solos agrícolas ao modo de produção biológica (25%) e à biodiversidade (10%); além disso pretende reduzir em 20% o consumo de adubos inorgânicos e em 50% as vendas totais de produtos fitofarmacêuticos e também reduzir em 50% do uso dos produtos fitofarmacêuticos de maior risco, incluindo os que constam da lista das substâncias ativas candidatas a substituição (e.g. cobre).
Ora, sabemos que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, estima que os agricultores devem aumentar em 70% a produção de alimentos para suprir as necessidades de mais 2,3 mil milhões de pessoas até 2050, o que se torna muito exigente para conciliar com a sustentabilidade ambiental.
Mas, no caso da Estratégia do Prado ao Prato, para […]
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