A Aproserpa – Associação de Produtores do Concelho de Serpa informa que os seus novos órgãos sociais tomaram formalmente posse. Após um processo prolongado devido a entraves burocráticos, a nova direção iniciou funções com acesso à sede da associação, preparando-se agora para um ciclo de trabalho focado na defesa dos interesses dos agricultores da região.
Uma das primeiras medidas será uma sessão de esclarecimento, em colaboração com a OPP de Serpa, dedicada à sanidade animal, com destaque para o surto de língua azul. O serotipo 8 foi recentemente detetado na Andaluzia, colocando em risco os efetivos pecuários da região. A resposta em Portugal tem sido insuficiente, com falta de vacinas e apoios mal definidos, ao contrário do que se verificou em Espanha, onde foram tomadas medidas eficazes e atempadas.
A Aproserpa reuniu já com o vice-presidente da CCDR Alentejo, com o pelouro da agricultura, e apresentou um conjunto de preocupações prioritárias:
• A agricultura de sequeiro continua esquecida, com apoios claramente desiguais em relação ao regadio;
• No concelho de Serpa, apenas 15.000 ha beneficiam de regadio, num total de 110.000 ha, sendo o restante território de sequeiro, muitas vezes sujeito a restrições ambientais;
• O redesenho do PEPAC decorreu sem ouvir os agricultores e continua a ser dominado por decisões tomadas em gabinetes;
• Muitos agricultores aderiram ao modo de produção biológico por necessidade, mas sem um plano estratégico de valorização da produção;
• Foram retirados apoios às culturas hortícolas após os investimentos já estarem feitos, causando prejuízos graves;
• A abordagem ao surto de língua azul em Portugal tem sido desorganizada, sem vacinas adequadas nem comunicação eficaz com os produtores;
• Persistem preocupações com os acordos comerciais entre a União Europeia e países do Mercosul ou Norte de África, que colocam os agricultores nacionais numa posição de desvantagem competitiva.
A Aproserpa acompanha ainda com atenção a candidatura do Montado da Serra de Serpa a Sistema Importante do Património Agrícola Mundial (SIPAM), promovida pela Câmara Municipal de Serpa, a Rota do Guadiana – ADI e o INIAV. Apesar de reconhecer o valor da iniciativa, lamenta não ter sido envolvida no processo. Os agricultores são os principais responsáveis pela gestão e preservação do montado e devem ser parte ativa deste tipo de projetos.
A nova direção reafirma o seu compromisso com uma agricultura mais justa, sustentável e representativa da realidade local.
Fonte: Aproserpa