Amândio Santos, presidente da PortugalFoods, frisa que “a indústria precisa de aumentar preços” e “o retalho tem também de fazer o seu esforço” para os consumidores conseguirem comprar comida.
“Neste momento é impossível parar a escalada dos preços. É impossível. É a lei da oferta e da procura a funcionar”. O aviso é feito pelo presidente do conselho de administração da PortugalFoods, Amândio Santos, sublinhando que “a indústria precisa de aumentar preços, o consumidor precisa de preços competitivos e o retalho também tem de fazer o seu esforço”.
Em entrevista ao ECO à margem da conferência Dare2Change, no Porto, o porta-voz do setor agroalimentar – composto por 11 mil empresas, assegura 200 mil empregos e exportou 8.400 milhões de euros em 2022 – fala num “trabalho conjunto de esmagamento de margens” e dramatiza que “nunca se exigiu que o diálogo entre a produção, a indústria e o retalho fosse tão claro e transparente”.
Como é que o setor agroindustrial está a assistir ao debate das últimas semanas em torno do preço dos alimentos em Portugal?
É uma realidade com que estamos todos deparamos. A cadeia de abastecimento está com perturbações muito importantes, somos confrontados com aumentos do setor primário ao setor industrial e, naturalmente, os preços têm de ser repercutidos no consumidor. Vemos este tema com muitas preocupações porque, de facto, a elasticidade do preço é muito curta e o consumidor tem cada vez mais dificuldades em preencher o seu cabaz de alimentos.
O dedo, até por parte dos políticos, tem estado apontado sobretudo à grande distribuição.
É um tema muito sensível, mas a indústria precisa de aumentar os preços, o consumidor precisa de preços competitivos e o retalho tem também de fazer o seu esforço. Portanto, tem de ser um trabalho conjunto de esmagamento de margens em cada um dos atores da cadeia, para que o consumidor possa continuar a alimentar-se e a ter acesso aos produtos. Este diálogo entre a produção, a indústria e o retalho tem de ser muito transparente. Nunca se exigiu que fosse tão claro e transparente como neste momento.
Acha que tem faltado transparência?
Tem de ser cada vez mais claro e objetivo. Toda a cadeia tem de ter a sua capacidade, a sua dinâmica, e sem margens [competitivas] não é possível. E o consumidor tem de ter acesso a produtos saudáveis e a um preço que possa pagar por eles.
Se o consumidor não tiver capacidade de compra, vamos sofrer todos. […]