Com a pandemia, já percebemos que nada é garantido. Nem a alimentação. Sem apoios às empresas, multiplicar-se-ão “as refinarias de Matosinhos” e, infelizmente, alguém ficará para trás.
Não deixar ninguém para trás é o soundbite mais repetido quando se fala dos planos de recuperação e resiliência da Europa, intrinsecamente ligados às questões ambientais. No entanto, do soundbite à realidade pode ir, e vai, um longo caminho.
A Indústria da Alimentação Animal tem vindo a alertar para uma situação que se está a intensificar: o agravamento dos preços das matérias-primas agrícolas, sobretudo milho, trigo e soja, que acontece em simultâneo com as crescentes exigências ambientais à produção agroalimentar. Temos vindo também a referir que receamos a intensidade e velocidade do cumprimento das metas do Green Deal e não a sua natureza.
O Índice de Preços da Alimentação da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, regista um aumento pelo nono mês consecutivo, atingindo uma média de 116 pontos, o nível mais alto desde julho de 2014. Contribuem para esta tendência e afetam diretamente a produção portuguesa de alimentação animal o aumento do preço das oleaginosas e de cereais, matérias-primas que registam, segundo a avaliação da mesma entidade, uma subida de 42,3% face ao período homólogo em janeiro de 2020 impulsionada pela forte procura da China.