O movimento cívico “Alvorecer Florestal”, formado após os incêndios de 2016, alertou hoje para a urgência de repensar o ordenamento do território e para a importância da floresta autóctone na gestão do risco de incêndio.
Atendendo à intensificação dos “riscos associados aos incêndios florestais” que “ameaçam cada vez mais as populações e os ecossistemas”, o movimento nacional de cidadãos considera “urgente repensar o ordenamento do território e valorizar as paisagens que integram mosaicos florestais diversificados e resilientes”.
Num comunicado divulgado hoje o “Alvorecer florestal” sustenta que o fogo “não é atualmente um fenómeno sazonal (de verão)”, defendendo que a sua prevenção deve ser “permanente, organizada e coordenada sistematicamente pelo Estado”.
Para tal defende uma política que reconcilie o território com a sua gestão, “criando as condições para evitar a desertificação do interior” e sublinha a “importância da floresta autóctone consolidada na gestão do risco de incêndio e na valorização multifuncional do espaço florestal”.
Composta por espécies nativas adaptadas às condições ecológicas locais, a floresta autóctone “apresenta uma menor inflamabilidade e maior capacidade de retenção de humidade, funciona como barreira natural ao avanço do fogo, protegendo as comunidades e infraestruturas”, vinca o movimento, apontando-a como “elemento-chave na mitigação do risco”.
O movimento defende como medidas estratégicas, incentivar a reconversão de áreas de monocultura para sistemas florestais biodiversos e autóctones e integrar critérios ecológicos e de resiliência nos instrumentos de planeamento florestal e ordenamento do território.
A estratégia deve ainda passar por promover programas de educação ambiental e valorização cultural da floresta nativa junto das comunidades locais; defender a ausência de exóticas nas zonas classificadas de proteção natural e dar a conhecer exemplos de sucesso na reconversão florestal, na promoção da floresta autóctone, “que muitas vezes podem ser objeto de apoio e que, infelizmente, são geralmente desconhecidos”, conclui o “Alvorecer Florestal”.