O Movimento UIVO alertou, hoje, para uma exploração mineira de volfrâmio, que vai ser feita a dois quilómetro do concelho de Vinhais, em território espanhol, e poderá contaminar o rio Rabaçal e afetar o Parque Natural de Montesinho.
Em declarações à Lusa, Sara Riso, membro desta organização sediada em Vinhais, explicou que a empresa Tungsten San Juan, filial galega da Eurobattery Minerals, vai fazer a exploração, em A Gudiña, perto da fronteira com o nordeste transmontano, que fica a “apenas 100 metros de uma linha de água, Ribeira de Pente, em Espanha, que vai confluir no rio Rabaçal, que pertence ao concelho de Vinhais”.
“Do local de implementação às aldeias mais próximas portuguesas, porque já não existem aldeias espanholas a jusante deste projeto, todas elas se vão ver incrivelmente afetadas e todas elas estão dentro do perímetro do Parque Natural de Montesinho”, apontou.
A exploração mineira de volfrâmio, a céu aberto, iniciará em 2026, mas Sara Riso salientou que já estão a ser desenvolvidos trabalhos no terreno, de movimento de terras e instalação de um pavilhão.
Além de colocar em causa os “valores ecológicos e humanos” do Parque Natural de Montesinho e ainda poluir o rio Rabaçal, Sara Riso chamou à atenção para a contaminação de um local de captação de água para consumo humano, que também está situado neste rio, levando a “um problema de saúde pública”.
“Estranhamos até hoje – e já se fala deste projeto há tanto tempo – o Governo português nunca foi consultado pelo Governo espanhol no sentido de tentarmos aferir se vão existir impactos, ou não, para as populações que se situam a jusante do projeto”, lamentou.
De acordo com o Movimento Uivo, não foi pedida qualquer declaração de impacte ambiental transfronteiriça, “um procedimento obrigatório ao abrigo da Convenção de Espoo, dada a proximidade desta exploração à fronteira”, e pede ao Governo português e ao município de Vinhais que tomem uma posição para que este estudo seja feito.
“Se ela tivesse sido feita, seria de consulta aberta a todos, teria de ser feita uma consulta pública, as próprias populações tinham de ser consultadas, a própria autarquia tinha de ser consultada, assim como a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto de Conservação de Natureza e Florestas, que defendem os valores do Parque Natural de Montesinho”, disse, acrescentando que a empresa em questão atravessa processos em tribunal, levados a cabo por organizações ambientalistas espanholas.
A Lusa tentou ouvir a empresa, mas tal não foi possível até ao momento.
Na página oficial da Eurobattery Minerals, uma informação de 11 de agosto indicava que a subsidiária Tungsten San Juan já tinha começado os trabalhos na minas de céu aberto de volfrâmio. Estes primeiros trabalhos visam a melhoria das infraestruturas, bem como a remoção de resíduos e minério de volfrâmio, estando previsto que a produção comece no quarto trimestre de 2026.
Ainda de acordo com a empresa, a mina está localizada perto da cidade de A Gudiña, na província de Ourense, na Galiza, e as primeiras reservas comprovadas de minério, confirmadas por perfuração no projeto de San Juan, estão estimadas em 60.000 toneladas.














































