O presidente do PSD alertou hoje, em Santarém, que “a maioria absoluta não é poder absoluto” e “não significa que o primeiro-ministro seja o dono disto tudo, para fazer aquilo que não está a ter acolhimento no destino”.
Luís Montenegro, que hoje visita a Feira Nacional da Agricultura (FNA), que decorre no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, até domingo, pediu a António Costa que acorde para o facto de os agricultores terem perdido a “confiança” e a “paciência” com o Ministério da Agricultura.
“O primeiro-ministro deve acordar para este tema, o primeiro-ministro tem de dizer qualquer coisa”, apelou, depois de questionado sobre o facto de nenhum membro do Governo ter sido convidado para visitar a FNA, no seu entender sinal de que “o setor perdeu a confiança, perdeu a paciência com o Ministério da Agricultura”.
Para Montenegro, a “teimosia” de António Costa, ao não querer alterar “os enquadramentos” das políticas para o setor, “tem um preço”, por estar a deixar os agricultores “com mais dificuldades”.
“Eu próprio já não tenho esperança, já é tempo demais a insistir numa solução governativa que não tem acolhimento no terreno”, declarou, lamentando que António Costa ache que, “por ter tido o resultado eleitoral que teve em janeiro de 2022 vai ficar eternamente a governar”.
“Não vai. Não vai ficar ele nem vai ficar o Partido Socialista”, disse, afirmando que o PSD está “cada vez mais entrosado” com o tecido social e económico do país e que, no futuro, voltará a existir “uma política de agricultura em Portugal”.
Depois de lembrar a declaração do primeiro-ministro a pedir respeito pelos resultados das legislativas, Montenegro afirmou que Costa “não tem autoridade moral para pedir respeito por resultados eleitorais”.
Antes, o líder do PSD pediu ao Governo para que “preencha o vazio em que se encontra a política de agricultura em Portugal” e a António Costa e à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, para estarem ao lado dos agricultores.
Montenegro apontou atrasos nas candidaturas e dificuldades no acesso dos agricultores a financiamento, dando o exemplo dos Açores, onde não chegou o plano de ajudas para fazer face ao aumento dos custos de produção, disse.
“Há efetivamente uma política agrícola em falha no Governo, há um vazio dentro do Governo na área da Agricultura que cumpre, de uma vez por todas, preencher, porque estamos a falar de muitas pessoas, do aproveitamento dos recursos naturais, de ocupar o território, de ser mais autossuficientes do ponto de vista alimentar, de haver uma conciliação entre a agricultura, a floresta, a preservação do meio ambiente e da biodiversidade”, afirmou.