Moçambique não regista qualquer caso de gripe das aves desde outubro e prevê concluir em abril o processo de certificação de eliminação da doença, disse hoje à Lusa o diretor nacional de Desenvolvimento Pecuário, Américo da Conceição.
De acordo com o responsável, o país continua sem registar qualquer caso de gripe das aves desde o surgimento do foco numa unidade privada em Morrumbene, província de Inhambane, em outubro: “Era o único foco, teremos de fazer mais uma testagem para enviar para a Organização Mundial da Saúde Animal, para declarar o país livre. Dois a três meses no máximo”.
Para ser considerado livre da doença, qualquer país deve cumprir um período mínimo de seis meses sem casos.
“O último caso confirmado foi no distrito de Morrumbene, no mês de outubro. De lá para cá não houve mais nenhum caso detetado. Foi numa unidade privada, que esteve em quarentena e que está a ser repovoada com aves sentinela. Daqui a duas semanas a unidade vai ser declarada livre e pode-se fazer o repovoamento normal”, acrescentou Américo da Conceição.
Em causa está a gripe das aves diagnosticada em outubro numa unidade de produção na província moçambicana de Inhambane, centro do país, levando ao abate de 45 mil galinhas poedeiras que produziam diariamente cerca de 44 mil ovos para consumo, um caso ligado a dezenas de surtos de duas estirpes distintas que alastraram no mesmo período na vizinha África do Sul.
“Nós tínhamos fechado a entrada de todos os produtos de origem avícola de toda a África do Sul, desde o mês de outubro. A partir do dia 23 de janeiro levantámos as restrições para a importação de aves congeladas provenientes de áreas compartimentalizadas, livres de ‘influenza aviária’. Abrimos também autorização para importação de produtos avícolas como ovos de consumo, respeitando todas as normas internacionais”, acrescentou o diretor nacional.
Essas importações obrigam, contudo, a testes de despiste de gripe da aves na origem e na chegada a Moçambique.
Durante o período de proibição de importação de produtos avícolas da África do Sul – que levaram os preços dos ovos e frangos a disparar nos mercados de Maputo – foram ainda apreendidas grandes quantidades de ovos e de frangos congelados, sobretudo no sul de Moçambique, casos das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, admitiu Américo da Conceição.
A África do Sul abateu cerca de 2,5 milhões de galinhas num esforço para conter dezenas de surtos de duas estirpes distintas de gripe das aves, ameaçando uma indústria já em dificuldades, divulgou em 03 de outubro o Governo sul-africano.
A província de Maputo, que faz fronteira com a África do Sul, está entre as principais produtoras, com uma capacidade produtiva de 3,9 milhões de galinhas e 942 milhões de ovos semanalmente, segundo dados oficiais.