Uma missão empresarial inversa que trouxe a Portugal compradores brasileiros resultou na venda de vinhos portugueses avaliados em mais de um milhão de euros, “a maior exportação registada de uma só vez” para o Brasil, divulgou hoje a AEP.
Segundo a Associação Empresarial de Portugal (AEP) – que promoveu a iniciativa – a missão inversa brasileira era composta por representantes da principal cadeia de distribuição do Brasil, o grupo Pão de Açúcar, tendo resultado na exportação de 400 mil garrafas de vinhos portugueses de cinco regiões vinícolas.
“O negócio, avaliado em mais de um milhão de euros, constitui a maior exportação (22 contentores) registada, de uma só vez, de vinhos portugueses para o mercado brasileiro”, destaca.
Desenvolvida no âmbito do projeto de internacionalização da AEP “Business On the Way”, esta ação de promoção foi promovida na sequência do “crescente interesse do mercado brasileiro pelos vinhos portugueses”, conforme explicou à agência Lusa o presidente da associação.
“A presença de vinhos portugueses no mercado brasileiro tem vindo a registar um significativo acréscimo nos últimos anos”, disse Luís Miguel Ribeiro, explicando que “a grande distribuição representa cerca de 70% das vendas de vinhos portugueses no Brasil” e é “considerado como o grande ponto de abastecimento de vinho neste mercado”.
E “apesar da carga fiscal elevada, que penaliza os vinhos nacionais face a outros mercados”, o líder da AEP diz haver “cada vez mais consumidores brasileiros a procurarem os vinhos portugueses”: “Fora da União Europeia, o Brasil continua a ser um bom cliente de Portugal em termos de comércio de bens”, refere.
Com a ação agora desenvolvida, a AEP propôs-se “promover o vinho português no mercado brasileiro – capaz de proporcionar vendas efetivas e de escala de um produto único num mercado que tão bem tem recebido o vinho português – e contribuir para posicionar no ponto de venda brasileiro variadíssimos vinhos portugueses”.
No âmbito desta missão inversa de compradores do Brasil, a associação diz terem sido realizadas provas de vinhos de 16 produtores nacionais oriundos de cinco regiões vinícolas: Vinhos Verdes, Alentejo, Lisboa, Dão e Douro.
“As provas de vinhos foram realizadas em Portugal por um conjunto de produtores/enólogos previamente selecionados de acordo com o perfil pretendido pelos decisores brasileiros”, refere, precisando que “a ação também contemplou visitas técnicas às adegas/propriedades dos produtores portugueses selecionados”.
Complementarmente, esta ação promocional de vinhos portugueses com a cadeia Pão de Açúcar tem ainda em curso uma campanha de ‘marketing’ no mercado brasileiro, em mais de 380 lojas daquele grupo, e que engloba a promoção e publicidade nos lineares de vinhos das lojas, a decoração dos espaços e lineares, panfletos e folhetos publicitários e promoção em ‘websites’ e presença em jornais, entre outros.
As empresas portuguesas envolvidas nesta ação são a Quinta das Arcas, Adega de Monção, Quinta de Carapeços, Quinta da Lixa, Campelo, Ermelinda Freitas, Quinta de Gomariz, Quinta da Pedra Cavada, Quinta de Santa Cristina, Fiúza, Adega Ponte de Lima, Casa Agrícola HMR, Adega Ponte da Barca, Wine With Spirit, Sociedade Agrícola Casa de Vila Nova e Sociedade Agrícola Boas Quintas.
A AEP promoveu já três outras ações deste tipo em 2016, 2018 e 2019, tendo a primeira proporcionado a exportação de 100 mil garrafas de vinho verde de 19 produtores, num negócio avaliado em 300 mil euros, e a última (em 2019) resultado na exportação de 234 mil garrafas de vinho oriundas de todas as regiões de Portugal, num negócio de cerca de 600 mil euros.
O Brasil é destacado pela associação como o maior mercado da América Latina, a 9.ª economia mundial e o 5.º país mais populoso do mundo, possuindo uma população de cerca de 210,1 milhões de habitantes, a maior dos países da região.
Apesar da instabilidade social e política em que o país tem vivido, com repercussões na sua atividade económica, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% em 2019, em termos reais, a que se seguiu uma contração de -5,3% em 2020 no contexto da pandemia, segundo dados das Nações Unidas (de março de 2021), que projetam uma recuperação de 3,2% em 2021 e 2,2% em 2022.
Na balança comercial de bens, em 2020, o Brasil foi o 11.º mercado de destino das exportações portuguesas (4.º fora do espaço da UE, após o ‘brexit’), com um peso de 1,4% (correspondendo a 728 milhões de euros), e o 9.º maior fornecedor, com um peso de 2,4% (correspondendo a 1.640 milhões de euros de importações).
Em 2020, Portugal registou um défice de 912 milhões de euros com o Brasil, traduzindo uma taxa de cobertura de 44,4%.
Em termos de evolução do comércio bilateral, as exportações de bens para o Brasil recuaram 3,0% em 2020, enquanto as importações aumentaram 59,6%.
Em 2019, os produtos agrícolas representaram 50,4% das exportações portuguesas para o mercado brasileiro e os produtos alimentares 9,9%, números que recuaram 46,5% e 9,7%, respetivamente, no período de janeiro a julho de 2020.
Conforma salienta a associação, “apesar da pandemia, as exportações portuguesas de vinho para o Brasil registaram um crescimento anual de 23,4% em 2020, atingindo um novo máximo da série (iniciada em 2000), no valor de 67,8 milhões de euros, que representa 9,3% das exportações totais para o Brasil e 8,0% das exportações nacionais de vinho”.
Estes são “os pesos mais altos da série, evidenciando uma importância crescente no comércio internacional português”, destaca.