De 16 a 18 de outubro de 2025, Évora acolheu o debate sobre o futuro da agricultura europeia através do evento AgriJovem 2025, uma iniciativa promovida pela Representação da Comissão Europeia em Portugal, em colaboração com a Rede Nacional PAC e com o apoio da Universidade de Évora e do MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, enquanto parceiros locais.
O evento reuniu 40 estudantes do ensino superior, provenientes de diferentes instituições e cursos ligados às ciências agrárias, proporcionando momentos de reflexão, partilha e capacitação em torno dos grandes desafios e oportunidades do setor agrícola em Portugal e na Europa. Debateu-se a Política Agrícola Comum (PAC), a transição digital e energética, a inovação tecnológica, a gestão da água e a sustentabilidade ambiental e social da agricultura.
A sessão de abertura, que decorreu no Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora, contou com a presença de Hermínia Vasconcelos Vilar, Reitora da Universidade de Évora, que sublinhou a importância estratégica da agricultura para a Universidade e destacou o MED como o maior centro de investigação da Universidade de Évora, profundamente ligado ao desenvolvimento sustentável do setor agrícola e agroalimentar.
“Sustentabilidade do setor agroalimentar: de mãos dadas com a natureza”
O MED esteve representado no painel “Sustentabilidade do setor agroalimentar: de mãos dadas com a natureza”, pela sua diretora, Fátima Baptista, que participou num debate moderado pela jornalista Daniela Santiago e que contou ainda com intervenções de representantes do setor vitivinícola e do empreendedorismo agrícola.
Na sua intervenção, Fátima Baptista destacou a necessidade de produzir alimentos sem destruir a natureza, apontando a instabilidade internacional, a segurança alimentar e a burocracia excessiva como desafios à sustentabilidade do setor. Sublinhou também a importância da digitalização e da inovação tecnológica para tornar a agricultura mais eficiente e resiliente, defendendo que “a sustentabilidade implica regenerar e não destruir, cuidar dos solos, da água, da biodiversidade e da paisagem”.
Fátima Baptista sublinhou ainda que não existe atividade sem impacto, mas que é essencial minimizar e recuperar, conciliando produtividade com conservação dos ecossistemas. Referiu também que “quem cuida da natureza deve ser recompensado”, defendendo mecanismos de remuneração pelos serviços de ecossistema e maior acesso a bio-pesticidas e instrumentos de apoio à agricultura de conservação.
O debate contou com testemunhos de boas práticas por parte de Susana Granadeiro, do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA) da CVRA, iniciativa com a qual a Universidade de Évora e investigadores do MED têm colaborado através de investigação e transferência de conhecimento, e de Bárbara Monteiro, da Mainova – Herdade da Fonte Santa, parceiros do projeto europeu LIFE Olivares Vivos+, desenvolvido em Portugal por investigadores do MED.
As intervenções reforçaram a importância da cooperação entre investigação, empresas e produtores para acelerar a transição ecológica do setor agroalimentar e gerar maior valor para o território. Da interação com o público emergiram ideias como a necessidade de melhorar a comunicação entre produtores e consumidores, reforçar o reconhecimento público do papel dos agricultores como guardiões da natureza e promover o diálogo entre ciência, políticas públicas e setor produtivo.
Ao apoiar a realização da AgriJovem 2025, o MED reforça o seu compromisso com a formação das novas gerações de profissionais e investigadores preparados para responder aos desafios da agricultura europeia. Através da sua investigação interdisciplinar, o MED contribui para o desenvolvimento de soluções sustentáveis e baseadas em ciência que promovem a resiliência dos sistemas agroalimentares mediterrânicos.
O artigo foi publicado originalmente em MED.