Barragens voltaram a encher no Norte e no Centro do país. Mas os prejuízos vão-se avultando e na zona da Grande Lisboa há que contar ainda com as perdas da semana passada. Seguradoras já estão no terreno.
As fortes chuvas que se fizeram sentir um pouco por todo o país, em que a Grande Lisboa, em menos de uma semana, foi novamente devastada trazem boas notícias. O cenário de seca com o qual Portugal se via a braços foi afastado, o que permite aliviar o problema de falta de água em quase todas as regiões, como admite ao i, Patrícia Gomes do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “Provavelmente já podemos afastar um pouco esse cenário de seca, mas tudo depende da evolução dos próximos tempos. Mas, neste momento, até a região sul já está ligeiramente afastada desse cenário. Agora com a continuação do inverno vamos ver”, disse a meteorologista.
A responsável refere que a percentagem de água no solo nas regiões de norte e centro já estão acima dos 99% e também a região do sul, Alentejo e Algarve, já está com uns valores razoáveis: entre 40 a 60%. Números que são visíveis no último boletim semanal da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que data desta segunda-feira e que, por isso, ainda não inclui as chuvas desta terça-feira, em que depois de um período de seca severa, um quarto das barragens portuguesas já está acima dos 90% de capacidade.
Os gráficos mostram que as albufeiras estão a 65% da capacidade a nível nacional e há já barragens muito perto do limite, tendo em conta que em 18 albufeiras – que representam 23% do total – a capacidade excede os 90%, sendo que a maior parte delas está situada na zona do Douro.
Destaque para as do Carrapatelo (97%), Régua (97%), Pocinho (98%) e Serra Serrada (102%), que são as que apresentam os níveis mais elevados.
A maioria das albufeiras está com a capacidade acima dos 50% mas o sul não está igual ao resto do país. Sado conta apenas com 37,6%, seguindo-se o Alentejo com 30,9% e o Barlavento com apenas 9,7%. No Alentejo há que salientar o Alqueva com 65%.
É certo que depois dos apelos para os portugueses ficarem em casa e da ameaça de agravamento durante a tarde de ontem tudo indica que o pior ficou para trás, como admite ao i, Patrícia Gomes. “Mesmo hoje de manhã, apesar de assistirmos a um período em que a precipitação poderá ser, por vezes, forte, acompanhada de trovoada, a situação vai ter grandes diferenças comparando com o que se verificou ontem”. E aos poucos e poucos, a situação vai-se desagravando. “Quando chegarmos ao fim de semana já estamos a falar de aguaceiros, de um modo geral, pouco frequentes. Poderemos mesmo dizer que em algumas zonas fracos, já com algumas abertas. No imediato estamos a falar de cinco dias, em que o pior foi na madrugada de segunda e no dia de terça”.
Rasto de destruição Cenário desolador e zonas “em estado de catástrofe”. Foi desta forma que Carlos Moedas reagiu ao rasto de destruição provocado pelo mau tempo que se fez sentir em toda a Grande Lisboa, mas com especial enfoque na capital. O presidente da Câmara já veio admitir que “fenómenos que aconteciam de 50 em 50 anos agora estão a acontecer semanalmente”, como já tinha sido referido ao Nascer do SOL, Carlos Antunes, professor e investigador da Faculdade de Ciências de Lisboa e do Instituto Dom Luiz. “Uma coisa é o período de retorno atual de 100 anos, mas no futuro, no final do século, poderemos ter esses mesmos eventos com um período de retorno mais curto, de 30 em 30 anos ou de 40 em 40 anos, o que significa que os eventos muitos extremos se vão começar a observar com mais frequência e com intensidades maiores”.
O que é certo é que só até às 17h de ontem, choveu mais em Lisboa do que em qualquer mês deste ano.
Devido ao mau tempo, todas as escolas do concelho de Oeiras, quase todas de Loures e algumas na região de Lisboa, como é o caso de Belém, Alcântara, Saldanha, São Domingos de Benfica, Penha de França, Ajuda, Olivais, Campo de Ourique, entre outras, decidiram encerrar durante o dia de ontem por precaução. Sobre esse assunto, o Ministério da Educação diz que “no âmbito da sua autonomia, os diretores dos Agrupamentos de Escolas e Escolas Não Agrupadas decidem sobre o encerramento dos espaços escolares (o que já aconteceu em alguns casos) em função da avaliação das condições de funcionamento e das recomendações da Proteção Civil”, descartando a hipótese de o encerramento ter de ser ordenado pela tutela.
Para ajudar, as Forças Armadas foram acionadas para reforçar as operações […]