Para o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), os resultados das autárquicas vieram pôr a nu o funcionamento deficiente da democracia em Portugal: ‘O que se vê nestes resultados é uma imposição do estilo de vida das cidades a 80% do território, que é rural’.
O secretário-geral da CAP receia que o Governo ceda a determinadas questões que têm custo zero para os cofres do Estado, mas que podem prejudicar em muito os agricultores, para fazer passar o Orçamento de Estado de 2022. Em relação à polémica em torno das estufas em Odemira, lembra que cabe ao Estado fiscalizar. E Luís Mira questiona: ‘Ainda agora deixou fugir João Rendeiro, que capacidade é que o Estado tem para tomar conta dos cidadãos? Nenhuma?’.
Como está o setor?
O nosso volume de exportação de frutas e hortícolas cresceram muito e se não fosse a pandemia acredito que no próximo ano ultrapassaria os dois mil milhões, mas mais dois anos acredito que irá ultrapassar esse valor. As exportações de frutos e hortícolas valem mais do que o têxtil e o calçado juntos.
Mas fala-se mais nos outros setores…
Se calhar é mais sexy e mais atrativo do que o nosso. Mas agora a agricultura começa a ser. As pessoas estão mais preocupadas com os alimentos e com aquilo que comem. Hoje, todos querem cozinhar, há programas televisivos de culinária, os chefs tornaram-se figuras públicas. Mas ainda não chegámos a quem produz para os chefs brilharem. E não há chef nenhum que consiga fazer um bom prato se não tiver bons produtos. Então, se calhar, quem devia ser a estrela é quem produz esses bons produtos. Acho que é uma questão de tempo até as coisas irem no sentido da origem. Há 30 anos quem é que queria ser cozinheiro? Agora há uma grande atratividade para esse tipo de […]