O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) estima que a produção de vinho na campanha 2024/2025 atinja um volume de 6,9 milhões de hectolitros, traduzindo-se num decréscimo de 8% face à campanha 2023/2024.
De acordo com o relatório publicado pelo IVV no final de julho, “a verificar-se a previsão, esta campanha registará um volume semelhante à média das últimas cinco campanhas”.
Segundo a comunicação, a diminuição global da produção é observada na maioria das regiões vitivinícolas com destaque para as regiões de Lisboa (-15%) e do Alentejo (-10%) que, comparativamente à última campanha, apresentam as maiores descidas em volume, num total superior a 350 mil hectolitros.
Já nas regiões Beira Interior, Trás-os-Montes e Algarve, as previsões apontam para aumentos em relação à campanha anterior, enquanto na região de Távora-Varosa não se espera variação na produção.
“De um modo geral, a instabilidade meteorológica durante o ciclo vegetativo da videira favoreceu o desenvolvimento de doenças, destacando-se o míldio. As condições climáticas até à vindima, especialmente o risco de escaldão, ainda serão determinantes para a quantidade e qualidade da colheita”, explica o relatório.
O que esperar da produção de vinho em casa região?
No que diz respeito à região dos Verdes, o IVV avança que é esperada uma quebra na produção de 5%, isto porque o aumento das temperaturas médias e precipitação face a 2023, favoreceram o desenvolvimento vegetativo, mas aumentaram a incidência de míldio e Black Rot.
Na região de Trás-os-Montes, o IVV antecipa um aumento na produção de 8%, explicando que “a primavera foi quente e chuvosa, com muita precipitação em março. A baixa precipitação e as baixas temperaturas de abril a junho limitaram as infeções de míldio pelo que se prevê uma produção com uvas em muito bom estado sanitário”.
No Douro, está prevista uma diminuição da produção de vinho de 5%. Neste sentido, o IVV adianta que, devido ao inverno chuvoso e a um início de primavera em que choveu acima da normal climatológica, “a água não foi um fator condicionante ao desenvolvimento das videiras”. Desta forma, “as boas condições verificadas no período da floração promoveram um bom vingamento dos cachos e dos bagos. Verificaram-se alguns episódios de míldio tardio e mais recentemente algum escaldão”.
Relativamente à região da Bairrada, as previsões apontam para um decréscimo de 15%, com a vinha a apresentar “um bom desenvolvimento vegetativo”. No entanto, a quebra é justificada por ataques de míldio e de oídio, sobretudo em abril, que poderão contribuir para uma quebra na produção.
Na região do Dão, é esperada também uma diminuição de 15%, uma vez que o míldio, apesar dos tratamentos efetuados, provocou alguns prejuízos.
Já na Beira Interior, a previsão sugere um aumento de produção de 15%, isto porque as condições climatéricas têm sido favoráveis ao desenvolvimento vegetativo das videiras, no entanto, a precipitação ocorrida, sobretudo em junho, tem favorecido a instalação de míldio e oídio nas vinhas menos protegidas por falta de tratamentos preventivos.
Em relação a Távora-Varosa a antecipação prende-se por se vir a verificar uma produção semelhante à campanha passada, com as uvas a apresentarem “bom estado sanitário”, perspetivando-se “uma boa qualidade”.
Na região do Tejo, está prevista uma quebra de 5%. Apesar de se perspetivar uma produção superior à do ano passado, os fortes ataques de míldio travaram essa estimativa. “A precipitação ocorrida na altura da floração originou fenómenos de desavinho e bagoinha. Com um bom controlo das pragas (cicadela e traça da uva) prevêem-se uvas sãs na altura da vindima, resultando em vinhos de elevada qualidade”, frisa o Instituto.
Em Lisboa, perspetiva-se uma diminuição de 15%, uma vez que, devido à alternância produtiva, há um menor número de cachos por videira, apesar de se antecipar “boa qualidade das uvas”.
Para a Península de Setúbal, o IVV espera uma queda de 5% na produção e, apesar de no final de maio, a precipitação e temperaturas elevadas terem promovido ataques de Míldio, em termos qualitativos, “prevê-se uma boa qualidade quer nas uvas brancas, quer nas tintas”.
Por sua vez, no Alentejo prevê-se que a produção tenha um decréscimo de 10% porque “algumas vinhas sofreram impactos negativos devido a ataques de míldio. Em maio, junho e julho registaram-se temperaturas acima dos 35ºC que causaram escaldão e desidratação das uvas”.
No Algarve, estima-se uma campanha com um aumento de 7%, “impulsionado pela entrada em produção de novas vinhas com uva de qualidade e boa maturação”.
Já na Madeira, é esperada uma redução da produção na ordem de 14% em relação ao ano anterior. No entanto, “as vinhas encontram-se em bom estado fitossanitário perspetivando-se uma boa vindima ao nível qualitativo”.
Nos Açores, a previsão global é de uma quebra de 15%, isto porque “durante o período da floração verificou-se a ocorrência de longos períodos de chuva e vento intenso que provocaram a destruição da alguma produção. Houve grande incidência de míldio, devido a chuvas intensas ocorridas em maio e junho”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.