O controlo estatal dos preços cresceu muito a seguir ao 25 de Abril, quando a inflação disparou para valores acima de 25%. Entre 1974 e 1977 quase nada ficava de fora dos cabazes de preços máximos. Até chegar o desastre económico – que se repetiria em 1984.
António Barreto era ministro do Comércio quando o Governo de Mário Soares montou dois cabazes de produtos: um de bens essenciais, com preços tabelados, e outro de bens cujo preço só poderia subir após autorização governativa. Estávamos no fim de fevereiro de 1977 e o Governo, já em conversas com o FMI, acabara de desvalorizar o escudo em 15% para controlar o insustentável défice externo.
O escudo estava em queda significava nas importações mais caras e ainda mais inflação: em 1977 a taxa anual chegaria a 26,7%, com os preços dos alimentos a subirem, em média, 35%. Os preços tabelados pelo ministério liderado por Barreto correspondiam, já por ação do FMI, a uma flexibilização do controlo de preços que se alargara após a revolução em 1974 – o cabaz seria 20% mais caro. “Lombo a 250$00/kg”, titulava em manchete o Diário de Lisboa a 3 de março de 1977, falando em “aumento vertiginoso”. […]