O rendimento da atividade agrícola deverá aumentar 8,7% este ano, depois de no ano passado ter caído 11%, segundo a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O INE diz que para o aumento do rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano é determinante o “acréscimo pronunciado do Valor Acrescentado Bruto [VAB] em termos nominais (33,3%)”, o qual “mais que compensou o decréscimo previsto para os outros subsídios à produção (-47,3%) a pagar em 2023”.
Já para a variação do VAB, o INE relaciona com o aumento do valor da produção superior ao do consumo intermédio, o qual tem de ver, entre outros fatores, com o “decréscimo nos preços da energia, adubos, cereais e oleaginosas (matérias-primas da alimentação animal)”. Em 2022, o aumento dos preços consumo intermédio tinha sido superior ao da produção.
Em termos reais, o instituto estima que o aumento do VAB “deverá ser bastante inferior (3,0%), verificando-se um acréscimo acentuado do deflator implícito”.
Este ano, o consumo intermédio deverá aumentar em termos nominais (10,4%), na sequência de acréscimos em volume (1,2%) e, sobretudo, em preço (9,1%).
À exceção da energia (-7,5%), dos adubos e corretivos do solo (-18,7%) e dos produtos fitossanitários (-2,6%), observou-se um aumento nominal das outras rubricas, com particular destaque para os alimentos para animais (19,7%).
Os dados do INE apontam ainda que, em 2023, “é expectável a conjugação de um acréscimo dos preços da produção (15,6%), superior ao dos preços do consumo intermédio (9,1%)”, uma situação oposta à do ano anterior (em que os preços na produção aumentaram 18,7% e no consumo intermédio 27,7%) e “significativamente mais favorável” ao produtor agrícola.
No período de janeiro a outubro de 2023, as exportações de produtos agrícolas aumentaram 2,1% face ao mesmo período do ano anterior, em contraste com o decréscimo nas exportações totais (-1,0%).
Já as importações de produtos agrícolas aumentaram 3,8%, tendo as importações totais registado um decréscimo de 3,6%.
Numa comparação internacional, o INE avança que, entre os triénios 2005-2007 e 2020-2022, a importância relativa do VAB do ramo agrícola no VAB nacional diminuiu na generalidade dos Estados-Membros (EM)
O peso da agricultura na economia em Portugal foi superior ao observado na UE27 (1,8% vs. 1,5% no triénio 2020-2022), mas inferior ao de países como Itália, Espanha e Grécia.
Entre os triénios de 2005-2007 e 2020-2022, o rendimento da atividade agrícola registou um crescimento de 59,9% em Portugal, inferior ao aumento da média da UE27 (68,6%), sendo o país com o décimo primeiro crescimento mais elevado.