No rescaldo de um intenso ciclo de podcasts que a VIDA RURAL gravou no âmbito da última edição da Agroglobal, ficou bem claro que há tendências incontornáveis na agricultura, que não podemos ignorar, e que já estão a moldar o futuro.
Em primeiro lugar, a necessidade de estarmos preparados para rápidas adaptações a mudanças, algumas que não podemos controlar. A pressão para a transição agroecológica é real, mas vai sofrendo avanços e recuos que tornam ainda mais confuso perceber onde ficam as obrigações e as devoções. Mas uma coisa é certa, o futuro passa por práticas mais sustentáveis e regenerativas que uma boa parte da agricultura nacional começa a abraçar, e bem. Para alguns pode parecer (ainda) demasiado ambicioso, mas é incontornável que é este o caminho e quem estiver mais preparado e assumir pioneirismo vai ganhar com isso. Porque quem conhecer melhor o seu ecossistema vai conseguir adaptar-se melhor (e mais rápido) às alterações, sejam de natureza climática ou de regulamentação. E, importante, para quem precisa de financiamento, é notório que a banca está mais disponível para olhar para projetos que cumpram os critérios de sustentabilidade na mesma medida dos financeiros. Ou seja, não basta apresentar garantias de viabilidade e cumprimento de obrigações, é preciso estar no radar “verde” dos relatórios de sustentabilidade.
E se tudo isto é verdade, também é preciso olhar com realismo para a velocidade com que tudo isto pode e deve acontecer. E como a pressa é inimiga da perfeição, a adoção precipitada de algumas medidas, como a proibição de um leque muito abrangente de substâncias ativas na proteção de plantas, pode trazer prejuízos consideráveis a uma série de culturas para as quais ainda não existem alternativas viáveis na fitossanidade.
Uma nota final que resultou destas longas horas de conversas com gestores, empresários agrícolas e players do setor: é preciso arriscar, experimentar, não ter medo de fazer de maneira diferente. Numa área de atividade onde a resiliência é a palavra-chave, a necessidade de sobreviver sobrepõe-se muitas vezes à capacidade de inovar (e inovar não é só tecnologia ou sofisticação). Daí a importância dos agricultores “influenciadores”, os tais pioneiros que estão sempre na vanguarda e são muitas vezes apontados como “aves raras”. Não são os mais ricos, não são os maiores, mas são geralmente os mais curiosos, os mais capacitados e os com maior abertura para ouvir e testar ideias, mesmo que contrárias às suas. E isso faz toda a diferença!
#agricultarcomorgulho
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.











































