Os municípios de Terras de Bouro e de Vila Verde criticaram hoje a deslocalização de um helicóptero ligeiro de Braga para Famalicão, considerando a decisão “incompressível e sem sustentação”, tomada “à revelia” das autarquias.
A reação dos presidentes das câmaras de Terras de Bouro, Manuel Tibo (PSD), e de Vila Verde, Júlia Fernandes (PSD), surge após o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado, Ricardo Rio, denunciar o “desvio” de um meio aéreo de Braga para Famalicão, considerando que é uma decisão errada que pode dificultar o combate a incêndios no Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Em declarações à agência Lusa, o autarca de Terras de Bouro explicou que, em reunião realizada em 12 de maio, na vila do Gerês, foi informado de que o Centro de Meios Aéreos de Braga, situado no aeródromo de Palmeira, iria contar com dois meios aéreos de combate a incêndios: um helicóptero pesado kamov e um outro ligeiro.
Manuel Tibo assume que o município foi apanhado de surpresa com a deslocalização do helicóptero ligeiro para Vila Nova de Famalicão.
“Lamento a tomada desta decisão, desta alteração, que foi feita à revelia dos municípios. Não fomos informados de nada e ficamos a saber pela comunicação social que, dos dois meios aéreos previstos para o Centro de Meios Aéreos de Braga, vamos ter apenas o helicóptero ligeiro. Sei que o Kamov estará operacional a partir de amanhã [quarta-feira], mas helicóptero ligeiro, não temos”, lamentou o autarca.
Para o presidente da Câmara de Terras de Bouro – grande parte do concelho está inserido no Parque Nacional da Peneda-Gerês -, esta decisão “incompreensível e injustificada” e vai ter implicações no combate a eventual incêndios que ali possam acontecer.
“O Gerês, Reserva Mundial da Biosfera, vai ficar mais desprotegido com esta decisão”, avisa Manuel Tibo, que mantém a esperança de que a deslocalização do helicóptero ligeiro seja revertida.
Na mesma linha segue a presidente da Câmara de Vila Verde, que subscreve a posição assumida pelo presidente da CIM do Cávado, Ricardo Rio.
Segundo Júlia Fernandes, esta decisão foi tomada “sem explicação nem sustentação”, acrescentando que a mesma significa que se está “a retirar o helicóptero das zonas onde mais falta faz”.
A autarca lembra a orografia e a morfologia dos territórios a norte do distrito de Braga, os quais “valorizam o turismo de Natureza e as áreas florestais”.
Em declarações à Lusa na tarde de hoje, o presidente da CIM do Cávado, Ricardo Rio, que é também presidente da Câmara de Braga, explicou ainda que que a decisão de “desviar” o helicóptero ligeiro de Braga para Famalicão foi tomada “na véspera” da entrada em funcionamento do dispositivo local de prevenção e combate a incêndios, “que estava a contar com aquele meio aéreo”.
“É uma decisão completamente contrária ao que tinha sido inicialmente anunciado, sendo ainda de realçar que não nos foi dado qualquer conhecimento prévio nem qualquer explicação para a alteração de planos”, afirmou o autarca.
Ricardo Rio lembrou que a norte de Braga ficam concelhos como o de Terras de Bouro, que alberga “uma parte importante e significativa do Parque Nacional da Peneda-Gerês”.
Em comunicado, a CIM do Cávado refere que esta “deslocalização interfere diretamente com o raio de atuação de 40 quilómetros para o ataque inicial no município de Esposende, mas sobretudo” para Vila Verde e Terras de Bouro.
A CIM recorda que estes municípios “apresentam áreas extensas com suscetibilidade e perigosidade de incêndio rural elevado e propícias a incêndios de grandes dimensões”.
A Lusa contactou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, mas ainda não obteve qualquer explicação para a decisão.