A diretora da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca alertou hoje que os produtores de gado estão a ter “graves problemas” na alimentação dos animais, devido ao incêndio no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
Em causa está o fogo, que deflagrou no dia 26 de julho em Ponte da Barca e foi dado como extinto a 04 de agosto. O incêndio consumiu uma área total de 7.550 hectares, sendo que a área do PNPG ardida é de 5.786 hectares.
Em declarações à agência Lusa, Beatriz Silva disse que “tem sido uma tragédia”, porque o fogo consumiu uma extensão significativa “das áreas comunitárias de pastoreio”, onde os bovinos de raça Cachena e Barrosã vivem em liberdade.
“É uma necessidade urgente, imediata, premente de alimentação animal. Podemos estar a falar em perto de uma centena de produtores de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, que ficaram sem qualquer tipo de alimentação animal”, estimando “em cerca de 400 animais que estão a precisar de alimentação com urgência”.
Segundo a responsável, “nesta altura do ano, os animais andam em pastoreio direto por causa do sistema tradicional de produção que se pratica no território”.
“Os animais, dependendo das condições climatéricas, sobem ao baldio a partir de março, abril ou maio, e descem em outubro. É um sistema de pastoreio direto e extensivo. Agora, com a perda muito significativa de área florestal e de pastoreio, os danos são irreparáveis. Há produtores que ficaram muito mal. Neste momento, o prioritário é a alimentação animal e depois uma estratégia de recuperação das áreas ardidas”, sublinhou Beatriz Silva.
A diretora da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca diz que ainda é cedo para ter “certezas quanto ao número de animais mortos pelas chamas, porque ainda há agricultores que procuram os animais, por não terem certeza se morreram ou andam perdidos”, referiu.
Apesar de o levantamento não estar concluído, Beatriz Silva disse que “há um número significativo de animais que morreram. No caso dos equídeos [cavalos Garranos] é mais difícil de apurar, porque vivem com mais liberdade do que os bovinos e os pequenos ruminantes”. Os próprios animais sentem a falta do espaço físico, de pastar na natureza. O bem-estar animal está posto em causa.
“Até virem as ajudas do Estado, os produtores estão numa situação profundamente calamitosa. Estão a gastar o feno e rações que compraram para o inverno”.
O fogo, que deflagrou no dia 26 de julho em Ponte da Barca, e foi dado como dominado uma semana depois, atingiu uma área total de 7.550 hectares, sendo que a área do PNPG ardida é de 5.786 hectares, de acordo com um levantamento que ainda não é definitivo.
O PNPG ocupa uma área de 69.596 hectares e abrange os distritos de Braga (concelho de Terras de Bouro), de Viana do Castelo (concelhos de Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca) e de Vila Real (concelho de Montalegre).