O Governo espanhol deu por terminado o estado de “pré-emergência” no país por causa dos fogos, após 20 dias de combate aos maiores incêndios de que há registo em Espanha, que considerou totalmente controlados no domingo.
“Este trágico episódio da história do nosso país por grandes incêndios florestais simultâneos em 20 dias terminou”, disse a diretora da Proteção Civil espanhola, Virginia Barcones, numa conferência de imprensa no domingo.
Após o controlo dos grandes incêndios no norte e noroeste do país, Espanha acabou com a fase de pré-emergência por causa dos fogos e passou hoje a estar em “fase de alerta e acompanhamento”.
“A campanha contra o fogo continua e por isso ninguém pode baixar a guarda. O Governo mantém a fase de alerta e acompanhamento permanente com todos os meios do Estado disponíveis”, disse Virginia Barcones.
A tutela da Proteção Civil e o combate aos fogos compete, no terreno, às regiões autónomas, que podem pedir meios e ajuda ao Estado central.
A onda de grandes incêndios em Espanha começou em 08 de agosto e 93 fogos foram comunicados à Proteção Civil nacional pelas regiões, 59 dos quais foram declarados como perigosos (classificados de nível 2 numa escala que vai de zero a quatro).
Por outro lado, 39 desses fogos foram classificados como “Grandes incêndios”, por terem arrasado mais de 500 hectares.
Os fogos mataram quatro pessoas e queimaram 400 mil hectares em Espanha em 2025, um recorde anual no país, de acordo com os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registos comparáveis desde 2006.
O Governo espanhol declarou na semana passada zonas de catástrofe as áreas afetadas por 113 grandes incêndios no país nos últimos dois meses.
Segundo a Proteção Civil espanhola, o pior dia foi 16 de agosto, com 23 fogos graves (de nível 2) em simultâneo, em quatro regiões (Castela e Leão, Galiza, Extremadura, Astúrias e Cantábria).
Os 20 dias de grandes fogos foram precedidos e coincidiram com uma “grande anomalia meteorológica” nas zonas dos incêndios, segundo a agência espanhola de meteorologia (Aemet).
A Aemet emitiu o primeiro aviso por calor em 31 de julho e entre 03 e 18 de agosto Espanha viveu a onda de calor mais intensa e a terceira mais longa desde pelo menos 1975, ano desde que há registos compráveis.
Nesse período, houve quatro dias (11, 12, 16 e 17 de agosto) de recordes de temperaturas, segundo as autoridades espanholas.
As altas temperaturas coincidiram com baixos níveis de humidade relativa, rajadas de vento fortes e trovoadas secas, particularmente nos dias 12 e 13 de agosto.
Por outro lado, a onda de calor foi precedida por uma primavera muito húmida a que se seguiram meses de junho e julho muito quentes e muito secos, disse ainda a Proteção Civil espanhola, com base nos dados da Aemet.
Durante a onda de incêndios, o Governo espanhol mobilizou perto de 60 meios aéreos para os fogos, incluindo internacionais, que se somaram aos meios próprios das regiões autónomas.
Cerca de 5.700 militares e mais de 2.100 meios das Forças Armadas foram enviados para as zonas dos incêndios, a par de 5.500 efetivos da Polícia Nacional e da Guarda Civil.
Há neste momento 57 pessoas detidas por causa dos incêndios e mais de 39 mil estiveram desalojadas este verão devido aos fogos.
Espanha ativou o mecanismo europeu de proteção civil em 11 de agosto e recebeu ajuda de nove países da UE.
Foi o maior dispositivo de ajuda mobilizado pela UE este ano para um país e o de maior dimensão que Espanha já recebeu.