O Chega anunciou que vai dar entrada hoje com o pedido para a realização de uma comissão de inquérito aos fogos em Portugal e do seu negócio, disse o seu líder André Ventura, em Leiria.
“E é isso que nós vamos fazer. Nós vamos fazer mesmo uma investigação a sério aos fogos, vamos propor ao parlamento que o faça e que recomende legislação que não deixe nada igual nesta matéria”, adiantou André Ventura.
Numa passagem rápida por Leiria, antes de seguir para Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, onde deflagraram este sábado dois incêndios, André Ventura considerou que “é tempo de dar este passo” e avançar para a “investigação dos fogos em Portugal, do negócio em torno dos fogos e da falta de prevenção”.
É possível “chegar à conclusão se temos ou não uma teia de negócio por detrás disto e, isso, uma comissão de inquérito pode fazer, chamando antigos e atuais governantes, pessoas ligadas ao negócio dos fogos e da madeira e também à organização do território”, disse o presidente do Chega.
André Ventura adiantou que os fogos que deflagraram nos últimos dias “são altamente suspeitos aos olhos de todos”.
“Alguns deles começam a pouca distância, em horas onde nem sequer há muito calor, em zonas altamente densas de vegetação e florestação. Isto significa que há aqui mão criminosa e provavelmente um negócio por detrás disto. Hoje estou firmemente convencido de que temos um negócio mafioso por trás dos incêndios”, reforçou o líder do Chega.
Considerando que a “Polícia Judiciária tem feito um trabalho que deve ser assinalado” e “a Justiça tem investigado o cartel dos fogos”, André Ventura defendeu que o parlamento também faça o seu trabalho.
A recomendação de uma legislação que proíba a negociação da madeira resultante dos fogos é uma das sugestões deixadas, assim como o agravamento das penas para os condenados por incêndio florestal e que altere a legislação para que “considere que um incendiário é um terrorista”.
“Ontem [sábado] ouvi pessoas em Pedrógão, mas também noutras zonas, a dizer que nada foi feito para prevenir os incêndios. Um político tem de chegar ao momento de dizer: ‘vamos lá ver o que é que falhou e por que é que isto continua a acontecer?’ Há muito tempo que digo que estes tipos [incendiários] têm de estar presos. E enquanto não os prenderem, não há prevenção que aguente”, sublinhou.
Admitindo que a “questão penal não é a única que vai resolver esta questão”, André Ventura insistiu que o parlamento tem de investigar “quem é que está a lucrar com isto”.
“E digo mais, quem estiver ligado a estes negócios obscuros dos incêndios não pode ter negócios com o Estado”, acrescentou.
O líder do Chega defendeu ainda que o Estado se deve substituir aos proprietários privados na limpeza dos terrenos, pois nem todos têm capacidade financeira para tal.
“Isto é uma tarefa soberana e de segurança de todos”, considerou, justificando que “quando o incêndio começar, não é o indivíduo da propriedade que vai lá sozinho impedir o incêndio” e “são milhões para conter o incêndio, são milhões de prejuízos e vidas humanas, vidas de animais e propriedades destruídas”.