A associação Tagus vai intervir em 10 aldeias e aglomerados habitacionais próximos de floresta no concelho de Abrantes, num investimento global de 423 mil euros que visa minimizar riscos associados a incêndios, revelou hoje aquela entidade ligada ao desenvolvimento rural.
“No âmbito do programa de apoio às aldeias localizadas em territórios de floresta, denominado Condomínios de Aldeia, a Tagus, com a recente aprovação da candidatura pelo Fundo Ambiental, irá intervir em 10 aldeias consideradas estratégicas” para “converter terrenos agrícolas produtivos”, indicou a Associação de Desenvolvimento do Ribatejo Interior, com sede em Abrantes, no distrito de Santarém.
As aldeias em causa são as de Lercas, Sentieiras, Bairro Cimeiro e Fundeiro, Almoinha Velha, Casal da Serra, Amoreira, Abrançalha de Cima e de Baixo e Paul.
As intervenções visam a “gestão e ordenamento do território, minimizar os riscos associados a incêndios florestais, acentuar a diversidade do meio ambiente e potenciar o valor ecológico e económico da floresta junto da população”, explicou hoje à Lusa a coordenadora técnica da associação Tagus.
Segundo Conceição Pereira, aquela região tem sido afetada por grandes incêndios e pretende-se que, com este apoio, a população residente e a de fim de semana “tenha mais facilidade em fazer a gestão das suas propriedades”.
A responsável disse ainda que a candidatura apresentada, na ordem dos 470 mil euros e aprovada em 423 mil euros, inclui um conjunto de ações que “têm a ver com a resiliência da própria comunidade e o saber preparar-se para eventualidades de incêndios”, a par de ações ligadas à “sensibilização, ao espírito de comunidade, ao sentimento de viver em meio rural e com a própria transformação da paisagem”, entre outros.
O objetivo principal e transversal aos 10 condomínios, notou, é “garantir a resiliência, sustentabilidade e valorização das áreas edificadas, através da reconversão da área florestal e de matos em áreas ordenadas e geridas, compostas por espécies folhosas autóctones, não esquecendo o aproveitamento da regeneração natural de sobreiro e medronheiro, com técnicas de plantação e condução adequadas à paisagem”.
A ação desenvolver-se-á nas faixas de gestão de combustível nos 100 metros em redor de cada aldeia, de forma a “mitigar o risco de incêndio, e aumentando assim a proteção e segurança de pessoas, animais e bens, fornecendo serviços aos ecossistemas”.
O projeto de ação incidirá ainda na preservação e recuperação das pequenas áreas agrícolas onde é praticada a policultura e a criação de zonas de pastoreio.
“A transformação da paisagem é importante no sentido de tornar mais resilientes os territórios e proteger as comunidades, criar segurança, mas sobretudo queremos desenvolver um trabalho de formação com a comunidade local para que ela saiba fazer as podas quando se plantarem os medronheiros, as oliveiras e outros, e saberem tratar os seus territórios e das suas árvores”, acrescentou.
Por outro lado, a ideia passa ainda por “transmitir informação para os apoios que existem” e que a Tagus gere no âmbito das medidas do desenvolvimento local de base comunitária, “através de avisos de concurso para os pequenos investimentos” na agricultura, que permitam assegurar um “trabalho de manutenção em continuidade”.
O Governo anunciou em maio um investimento do Fundo Ambiental de 21,9 milhões de euros nas florestas, com a maior fatia, 15,2 milhões, para o apoio ao funcionamento de equipas de sapadores florestais, estando ainda contemplados apoios aos Condomínios de Aldeia (aldeias localizadas em zonas vulneráveis de floresta) e ao setor da bioeconomia, ao nível da valorização da resina.