As primeiras 300 mil árvores de um projeto com financiamento privado de cinco milhões de euros serão plantadas este ano na Serra do Açor, anunciou hoje a Câmara de Arganil.
“Arrancaram as ações de rearborização”, informou hoje em comunicado a autarquia, no distrito de Coimbra, explicando que numa primeira fase os trabalhos se estenderão por “uma área total superior a 430 hectares” dos terrenos baldios geridos pela Associação Floresta da Serra do Açor, atingidos pelos incêndios de 2017.
As ações de arborização e rearborização, previstas no plano de atividades para 2021 da associação, “já estão em marcha” e representam um primeiro investimento de 348 mil euros, ainda este ano, abrangendo território das freguesias de Arganil, Benfeita, Celavisa e Folques, além das uniões de freguesias de Cepos e Teixeira, Vila Cova do Alva e Anceriz e Cerdeira e Moura da Serra.
Citado na nota, o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa, que também lidera o projeto, manifesta-se “amplamente satisfeito por ver arrancar um projeto que é, indiscutivelmente, um dos maiores e mais promissores que Portugal já testemunhou na área florestal”.
“Os trabalhos previstos nesta fase, que deverão estender-se até meados de abril e que recomeçam no outono, incluem a preparação do terreno e o controlo da vegetação espontânea, o aproveitamento e beneficiação da regeneração natural, a beneficiação da vegetação autóctone das linhas de água e a plantação, maioritariamente composta por espécies autóctones”, refere o município de Arganil, no distrito de Coimbra.
Financiado em cerca de cinco milhões de euros pelo grupo de distribuição alimentar Jerónimo Martins, através do regime do mecenato, o projeto de reflorestação foi concebido em parceria com a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), cujos professores assumem “a validação e a supervisão técnicas” por parte de uma instituição pública de ensino com “forte tradição na área da gestão florestal”.
“Com um horizonte temporal de 40 anos, o projeto estabelece que 85% dos povoamentos serão mistos, constituídos essencialmente por espécies autóctones, com uma grande capacidade de autorregeneração e elevada resistência ao fogo”, destaca a Câmara.
As ações são realizadas “com recurso a técnicas que protegem e valorizam o solo, sendo salvaguardadas as espécies folhosas autóctones que se encontrem na área de intervenção”, como sabugueiros, cerejeiras, loureiros e salgueiros, entre outras.
“Estruturado e multifuncional”, o projeto deverá garantir “uma gestão integrada e profissional do espaço florestal” e permitir a revitalização de cerca de 2.500 hectares de terrenos baldios do concelho de Arganil, que perdeu 88% da sua mancha florestal devido aos fogos de outubro de 2017.
Dos cinco milhões de euros investidos pelo grupo Jerónimo Martins, 75% serão aplicados nos primeiros cinco anos, “através da plantação de um milhão e oitocentas mil árvores”.
“É com grande entusiasmo que assistimos ao arranque da concretização de um projeto que será verdadeiramente transformador da região”, afirma António Serrano, representante da entidade financiadora no conselho estratégico da Associação Floresta da Serra do Açor.
O projeto abrange ainda propriedades da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Arganil.