A cidade de Pinhel recebeu a segunda edição do EXPERIENCE(CÔA), um congresso dedicado a discutir a realidade e atualidade do turismo de natureza em Portugal, o controlo da massificação, o contributo que um visitante pode ter no ecossistema social e natural que visita, sempre utilizando a Rede Cõa Selvagem como exemplo prático de sucesso. Dezenas de oradores de renome passaram pelo evento.
Depois da edição bem sucedida no ano passado, a Rewilding Portugal, ONG de conservação de natureza da região do Grande Vale do Côa e também promotora de diversos projetos de turismo de natureza, inclusivamente da Rede Côa Selvagem, juntou-se novamente ao Município de Pinhel para a segunda edição deste EXPERIENCE(CÔA).
E se na primeira edição, o evento teve apenas um dia, este ano e com o apoio institucional e financeiro do Turismo de Portugal, foi possível alargar o congresso a dois dias inteiros de intensa programação e discussão sobre este tópico, com novos temas em foco.
Com moderação de Bárbara Pais, o evento começou com a apresentação dos resultados da Rede Côa Selvagem alcançados em 2024, pelo responsável deste projeto e Diretor de Comunicação e Enterprise da Rewilding Portugal, Fernando Teixeira. A rede continua em expansão, com mais membros, mais produtos e ofertas turísticas disponíveis, mais colaborações e sinergias, mais procura e clientes e mais dinâmicas coletivas em ascensão. Uma rede que gerou mais de 35.000 euros para os seus membros no ano passado, num total de agora 70 empresas que apenas em 2024 criaram 11 postos de trabalho nas áreas do turismo, restauração e produção alimentar. Seguiu-se depois uma mesa redonda com quatro membros desta rede que apresentaram os seus negócios e a sua visão de trabalho em rede: Bárbara Cardoso (Casa Villar Mayor, Villa Bee e Muralhas de Vilar Maior), Marco Ferraz (Ambieduca e Casas de Villar), Andreia Tavares (Planalto Dourado) e Maria João Soares (Cró Hotel e Longroiva Hotel).
No mesmo dia, na parte da tarde, Manuel Malva apresentou o trabalho da criação de microreservas de biodiversidade por parte da Milvoz e o potencial turístico deste tipo de projetos de conservação de natureza e seguiu-se ainda mais uma mesa redonda, esta sobre outras boas práticas a nível nacional que possam inspirar e inspirar-se no Côa – Marta Cabral a apresentar a Rota Vicentina, Duarte Rodrigues a apresentar as Aldeias Históricas, Isabel Sousa a apresentar a Explore Iberia e ainda Bruno Pereira a apresentar o Geoparque Oeste. Com o encerrar das sessões em sala, realizou-se ainda uma visita à área rewilding do Ermo das Águias, localizada em Vale de Madeira, para apresentar o trabalho de restauro ecológico realizado pela Rewilding Portugal no terreno.
No segundo dia do evento, passou-se de uma perspectiva mais “micro” para um olhar macro desta realidade, com a discussão de políticas públicas destinadas ao turismo de natureza e de atração de novos públicos e como comunicar ciência e conservação de natureza para quem visita estes territórios de forma cativante, mas também eficaz, inclusivamente voltada para os mais jovens. Para esse mesmo fim, estiveram presentes João Carlos Farinha (CCDR Alentejo), Joaquim Madrinha (iNature), Luís Luís (Fundação Côa Parque) e João Almeida (European Young Rewilders).
Esse olhar continuou na sessão da tarde, com uma mesa redonda dedicada à internacionalização da marca “Côa” enquanto destino turístico de excelência no que ao património natural diz respeito, onde Marli Monteiro da Centre of Portugal marcou presença para explicar este processo e como tem sido desenvolvido ao longo dos últimos anos, e ainda o papel que algumas espécies-chave e possíveis reintroduções podem ter na capacidade de atrair turismo deste segmento num território, com Daniel Veríssimo (Rewilding Europe), Pablo Schapira (Rewilding Spain) e Anabela Simões (ICNF) a marcarem também presença nesta discussão.
Manuel Franco e Inês Monteiro (A2Z) foram também convidados a apresentar dois projetos em desenvolvimento também neste território. O “A2Z Give Back” em que esta organização, também membro da Rede Côa Selvagem, enquanto operador turístico também apoia projetos de conservação de natureza e sociais que valorizam o território em que operam, beneficiando na mesma medida em que os beneficia também pelos seus valores naturais e o projeto Bikotel, que tem possibilitado a atração de turistas deste segmento das bicicletas para novas tipologias de alojamento, alargando a oferta disponível e certificada no território, enquanto também capacita estes alojamentos para aumentarem as suas valências na recepção de novos públicos e segmentos.
O evento teve novamente casa cheia, praticamente na lotação máxima da sala do Auditório da Câmara Municipal de Pinhel, foi transmitido em direto e pode até ser assistido ainda de forma gratuita aqui: https://www.youtube.com/watch?v=09Mj5IWee5A&t=4393s.
O EXPERIENCE(CÔA) procura afirmar-se no panorama do turismo de natureza em Portugal, com a Rewilding Portugal a liderar também esse processo no Grande Vale do Côa, “o lado mais selvagem de Portugal” e regressará no próximo ano com novidades e programação renovada e reforçada.
Fonte: Rewilding Portugal